275 | Ano B | 2ª Semana da Quaresma
|Sábado | Lucas 15,1-3.11-32
02/03/2024
Avançando em nossa caminhada quaresmal, a Igreja
nos brinda hoje com uma das mais belas e conhecidas páginas dos evangelhos: a
conhecida parábola do filho pródigo, que seria mais justo designar como
parábola do pai misericordioso. Explico: partindo das tensões descritas nos
versos 1-3, fica claro que o personagem central não é o filho mais novo. Os
protagonistas são o pai e o filho mais velho.
Enquanto os publicanos e demais categorias de gente
considerada “pecadora” se aproxima e confraterniza com Jesus, os fariseus o
acusam de misturar-se e aliar-se com gente suspeita. Evidentemente, quem
critica e acusa se sente melhor, superior, com mais méritos que aqueles que são
acolhidos por Jesus. E a parábola tem exatamente o objetivo de ilustrar como
Deus costuma tratar seus filhos e filhas.
Observemos que o pai tem dois filhos: o filho mais
novo acaba caindo na miséria mais extrema, vivendo como estrangeiro e forçado a
se alimentar da ração dada aos porcos (imagem dos publicanos e demais
pecadores); o filho mais velho, cumpridor minucioso das leis e costumes, tem
tudo e mais do que necessita (figura dos fariseus). O primeiro tem a sensação
de não ser filho de Deus; o segundo, se considera cheio de direitos e não
aceita a misericórdia.
O pai, que é figura e imagem do Deus do Reino, em
nome de quem Jesus vem e age, trata ambos como filhos necessitados de acolhida
e amparo, mesmo que não mereçam este tratamento. O pai não se interessa pela
contrição do filho em situação de miséria e nem deixa que ele a termine. Deus é
Pai, e não juiz ou delegado de polícia! Ele não trata ninguém como empregado,
pois todos/as são seus filhos/as, e jamais deixam de sê-lo. Neste mundo, que é
sua casa, ele não quer que uns fiquem com tudo e outros fiquem sem nada.
É claro que esta parábola é um chamado contundente
à conversão. Mas este pedido é dirigido ao filho mais velho! Pois é ele que não
reconhece o amor do pai, não dialoga com o irmão, não o reconhece, nega a
fraternidade que torna todos/as iguais, e defende a primazia do merecimento,
que nos separa.
Meditação:
§ Leia
atentamente essa parábola, considerando os versículos iniciais e a atitude do
pai e do irmão mais velho
§ Qual é
hoje a reação dos cristãos diante do chamado da Igreja e do Papa a uma
fraternidade sem fronteiras?
§ Como você
se sente diante dessa parábola? Você concorda e aceita tranquilamente a atitude
do pai?
§ Com qual
dos três personagens você se sente identificado? Com qual deles precisa se
identificar para seguir Jesus de verdade?
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