277 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma
| Segunda | Lucas 4,24-30
04/03/2024
Depois de termos
refletido ontem sobre cena na qual Jesus expulsa os exploradores do templo e
declara a caducidade de todos os ritos e leis que não contribuem para a fraternidade,
somos levados por Lucas à estreia da vida pública de Jesus em Nazaré. E ele
começou “demarcando o campo”, lendo um trecho do profeta Isaías e terminando
com uma breve e explosiva “homilia”: “Hoje se cumpriu essa passagem da
escritura que vocês acabaram de ouvir”.
A reação dos seus
conterrâneos e coetâneos é contraditória: por um lado, admiração e aplausos;
por outro, escândalo, críticas e até ameaças. Enquanto uns se impressionavam
pela coragem e sabedoria das suas palavras, outros tropeçavam na sua origem
humilde e pobre e por sua postura pouco exclusivista em benefício dos seus
concidadãos, e pouco nacionalista por alargar as fronteiras da sua missão para
todos os pobres.
Jesus conhece a
história da profecia e a vontade de Deus. Deus não considera os vínculos
étnicos, tribais e nacionais na sua ação libertadora. E os profetas, quando
autênticos, se movem com a mesma liberdade. Por isso, sempre sofrem rejeição
por parte daqueles/as que se consideram melhores, superiores, mais merecedores,
começando pelos que são mais próximos.
Jesus não realiza
nenhum milagre em benefício exclusivo dos seus conterrâneos e, com isso,
frustra as expectativas e interesses deles. Ele não se submete aos interesses e
expectativas de pequenos grupos. Os caminhos de Deus seguem outra lógica: Deus prioriza
as pessoas e grupos sociais mais necessitados, que não contam e não valem aos
olhos dos grupos que controlam o poder, aqueles/as que são “diferentes” ou
“longe” e, por isso, tornados invisíveis e menosprezados/as.
Jesus busca como
prova dois fatos antigos. Mesmo que existissem muitas viúvas pobres em Israel,
o profeta Elias foi socorreu apenas uma viúva estrangeira. Mesmo diante de muitos
leprosos hebreus, Eliseu priorizou a cura de um leproso estrangeiro. Cabe-nos
assimilar e viver essa compaixão sem fronteiras de Deus. É este o caminho de
uma verdadeira conversão.
Meditação:
§ Leia
atentamente a narração desta primeira manifestação e rejeição pública de Jesus
na cidade de onde se criara
§ Dá para
entender que, recordando Elias e Eliseu, Jesus está pedindo que a Igreja abra
suas portas às pessoas discriminadas?
§ Em que
medida também nós estaríamos alimentando a ideia de que Deus deve beneficiar
primeiro os “nossos”?
§ No
horizonte da Campanha da Fraternidade, quem faria parte desses grupos
considerados desprezíveis e “estrangeiros”?
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