terça-feira, 5 de março de 2024

O Evangelho de Jesus em nossa vida (279)

 279 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma | Quarta | Mateus 5,17-19 

06/03/2024 

Os evangelhos não deixam dúvidas: aos olhos de grande parte dos seus contemporâneos, Jesus foi um anarquista e agitador que estimulou à desobediência da lei religiosa e civil. A liberdade experimentada por aqueles/as que se fizeram discípulos/as seus também causou preocupações, até por causa do exagero de alguns. Daí a pergunta: Jesus veio abolir a Lei? 

Estamos na primeira grande aula no processo de formação dos discípulos/as, que conhecemos como “sermão da montanha”. É claro que a indicação de quem são os/as “bem-aventurados/as”, os santos/as, os/as que agradam a Deus causou desconcerto a muitos ouvintes. A intervenção de Jesus que estamos refletindo procura colocar as coisas no seu devido lugar. 

As citações diretas das escrituras que podemos ler nos capítulos anteriores já poderiam ter eliminado as dúvidas: tudo na vida de Jesus ocorre “para que se cumprisse a Lei”. Mas então, Jesus seria um profeta judeu como todos os outros, ou um simples reformador dos costumes? Nele só haveria continuidade, e nenhuma ruptura, em relação ao judaísmo e aos hábitos sociais? 

Jesus começa com uma advertência: “Não pensem que eu vim abolir a Lei e os profetas!” Tanto uma como a outra, continuam como uma espécie de “pedagogo” (como dirá São Paulo), até que o Reino de Deus seja consumado, até que passem este velho sistema social, cultural e religioso (“o céu e a terra”). E completa: “Eu vim para cumprir plenamente” tanto a Lei como a Profecia. A prática dos escribas e fariseus era parcial e imperfeita. 

A expressão “em verdade, em verdade, eu vos digo” é uma afirmação da autoridade de Jesus, que se apresenta como o cumpridor do sentido profético da Lei, até então escondido à maioria dos judeus. Ele se apresenta como a “chave” que nos abre o sentido das escrituras. Elas devem ser lidas e revistas a partir daquilo que Jesus viveu e ensinou. Desobedecendo as leis para atender as necessidades das pessoas vulneráveis, Jesus se mostra um profeta, e manifesta o verdadeiro sentido e o objetivo último da lei. 

 

Meditação: 

  • Você não tem a impressão de que, com seu ensino e sua prática, Jesus estimula uma postura desobediente e anárquica? 

  • Você não acha que, por outro lado, muitas pregações e práticas prendem Jesus à simples e inflexível obediência às leis e costumes? 

  • O que significa para nós, hoje, levar a sério que Jesus cumpre e revela plenamente as escrituras anteriores a ele 

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