quarta-feira, 27 de março de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida - Celebração da Última Ceia (301)

301 | Ano B | Semana Santa | Quinta | João 13,1-15

28/03/2024

Com o lava-pés iniciamos a segunda parte do evangelho de João, que põe em cena o mistério da paixão de Jesus, e é introduzida pela última ceia, cuja narração se estende por três capítulos, recheados de diálogos entre Jesus e seus discípulos sobre questões absolutamente centrais. 

Estamos próximos da festa da páscoa, e Jesus sabe que sua hora chegou. Então, ele se reúne com seus amigos numa refeição cálida e amistosa que, no costume judaico, precede a ceia pascal, marcada pela plena consciência em relação ao que está para acontecer. Ele não é como um profeta ou um mestre surpreendido por acontecimentos inesperados, mas caminha soberano, consciente e livre para a entrega da própria vida.

Com o aparecimento de um novo personagem, o diabo, que atua em Judas, o amor incondicional de Jesus pela humanidade se torna combate. É neste momento que ele se despoja do manto da divindade e se reveste do linho da humanidade para conduzi-la e mantê-la na sua amizade.  O despojamento da encarnação se radicaliza na ceia e na cruz. Abaixando-se para lavar os pés dos discípulos, Jesus faz o movimento da paixão. Jesus se despoja de sua condição divina para nos acolher, e retoma sua gloria na manhã da ressurreição.

Lavando os pés dos discípulos, Jesus repete o gesto de acolhida que Maria de Betânia havia feito a ele. Lavar os pés era um ofício degradante, um trabalho reservado aos escravos pagãos. Jesus lava nossos pés para que participemos da sua vida e missão de servo excluído. Assim, entende-se a resistência insistente de Pedro, mas, diante da insistência de Jesus, consente, inclusive pedindo com excesso. Mas o faz por obediência a um chefe, não por consciência.

Fazendo isso, Jesus não quer simplesmente demonstrar humildade. O que ele faz é rejeitar de forma contundente toda forma de superioridade e hierarquia, que não valorize a dignidade de cada pessoa e perpetua a desigualdade. O amor e o serviço fraterno, especialmente aos mais vulneráveis, ritualizado no lava-pés, é o ensaio geral da vida cristã, a “prova dos nove” do amor a Deus.

 

Meditação:

§  Leia atentamente, com o coração, com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por gesto, verbo por verbo, esta bela cena

§  Acompanhe o gesto de Jesus, permita que ele lave seus pés, e, principalmente, entenda o que ele quer transmitir com isso

§  Por que Pedro resiste ao gesto de Jesus? Será que ele não quer defender a própria superioridade?

§  Por que nos custa tanto reconhecer a dignidade e os direitos humanos, a absoluta igualdade de todos os seres humanos?

§  O que a dignidade inviolável da pessoa humana, a igualdade de todos e o amor fraterno tem a ver com a Eucaristia?

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