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Ano B | 5ª Semana da Quaresma | João 8,31-42
20/03/2024
Continuamos com a
narração que nos reporta o grande e tenso debate entre Jesus e as lideranças do
judaísmo, depois da defesa pública da dignidade de uma mulher prestes a ser
apedrejada na praça do templo. Jesus acusa o grupo que dirige o judaísmo de
viver e ensinar uma fé equivocada, apresentada como modelo de fidelidade, mas que
se mostra irredutivelmente fechada à ação salvadora e libertadora de Deus.
Na cena anterior,
um grupo de judeus mostrou admiração e deu crédito a Jesus. Mas Jesus os
conhece, e dispensa tanto a admiração como uma adesão formal. Só o conhece e só
se torna seu discípulo quem assimila e leva a sério a sua Palavra, quem
participa da sua ação solidária e libertadora em benefício dos oprimidos. Esta
é a verdade sobre Deus e sobre o ser humano, uma verdade que nos torna livres,
capazes de doar a própria vida.
A liberdade dos
discípulos de Jesus não é a faculdade de decidir isso ou aquilo, mas a
capacitação para participar da liberdade do Pai, que ama e acolhe bons e maus,
merecedores ou não do seu amor, todos necessitados do seu perdão acolhedor.
Quem age sempre guiado pelo medo, pela raiva, pela competição ou pela busca dos
próprios interesses não é livre, mas escravo de si mesmo. Não é capaz de dar-se
e perder-se num “amor a fundo perdido”.
Ao ensinar isso,
Jesus dá a entender que a elite religiosa que se opõe a ele não é
verdadeiramente livre, mesmo pertencendo a um povo politicamente autônomo. Esta
elite reage afirmando ser da raça e estirpe de Abraão, e que nunca foi escrava.
Mas Jesus retruca que ser filho é ser parecido com o pai, e eles estão muito
longe de imitar Abraão. Aderindo às estruturas de opressão e dominação, e
dando-lhes estabilidade e caráter intocável, eles servem ao pecado, que impede
o amor e leva à morte.
Jesus conclui
reafirmando sua filiação divina – suas ações o fazem parecido com o Pai – e que
a elite religiosa é filha da idolatria (que a tradição judaica chama de
prostituição), pois não aceita, persegue e quer matar Jesus. Quem persegue os
outros não é livre, mas escravo dos medos e competições!
Meditação:
▫
A quantas anda nossa adesão a
Jesus Cristo e ao seu Evangelho libertário? Vai além da admiração e da
exterioridade?
▫
Olhemos atentamente e criticamente
para nossas decisões, ações e compromissos: elas revelam que somos filhos do
Deus de Jesus?
▫
Em que medida continuamos pensando
que somos livres para fazer o que queremos, e não para lutar pelos direitos
humanos?
▫
Será que ainda reivindicamos a
superioridade da nossa raça, da nossa religião, da nossa origem, da nossa
classe frente aos outros?
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