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Ano B | 5ª Semana da Quaresma | Sexta | João 10,31-42
22/03/2024
Estamos no
contexto literário do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus
aplica a si mesmo as sugestivas metáforas da porta e do pastor. Um dos momentos
mais provocativos é quando Jesus declara que todos os que vieram antes dele são
ladrões, assaltantes ou mercenários, e apenas ele é um pastor bom, o único
disposto a dar a vida pelo rebanho. A reação das lideranças religiosas foi
acusa-lo de estar completamente louco.
Para Jesus, uma
pessoa mostra seu valor nas ações que realiza e nas relações que estabelece.
Deus mostra que é justo e bondoso emancipando e libertando as pessoas mais
vulneráveis. Por isso, Jesus não defende sua missão com palavras, mas com o
testemunho de suas ações. São elas que mostram que ele é o enviado do Pai, não
por presumido poder, mas por a intensidade da compaixão.
E quando as
lideranças religiosas do templo ameaçam apedrejá-lo, Jesus pergunta pelo motivo
da rejeição e do ódio. Se ele é o que mostram suas obras, são elas que devem
ser louvadas ou reprovadas, e não suas palavras. Por quais das ações realizadas
ele merece ser condenado? Mas as elites religiosas fazem questão de divorciar
as palavras de Jesus da compaixão que ele demonstra, e querem condená-lo por
suas declarações.
Como defensores
de uma palavra morta e de uma lei desligada da vida, eles não se interessam
pela exploração praticada dentro do templo, desde que os exploradores tenham o
nome de Deus em seus lábios. E acabam traindo a fidelidade às escrituras, pois
silenciam quando elas dizem que todos os que agem de modo semelhante à ação de
Deus são deuses (cf. Sl 82). E esquecem que a lei existe para defender a
dignidade e a liberdade das vítimas.
Como a pessoa se
revela pelas obras que faz, apelando à violência e planejando assassinar Jesus,
a elite do templo demonstra que é assassina e perseguidora, e não representa a
vontade e a ação de Deus, o Pai de Jesus. É por isso que Jesus sai do templo e
do território que se tornara lugar de opressão. Fora do templo, ele continua
atraindo discípulos/as.
Meditação:
▫
Observe o diálogo difícil e tenso
entre Jesus, que se mostra em suas ações de compaixão, e a elite religiosa, que
o acusa de blasfêmia
▫
Releia e perceba o sentido das
acusações levantadas contra Jesus e dos argumentos que apresenta para se
defender
▫
Será que não somos tentados pelo
mesmo pecado das elites do templo: dissociar aquilo que proclamamos daquilo que
fazemos?
▫
Sendo verdade que são nossas ações
e relações que revelam nosso valor, o que nossas ações estão revelando de nós e
nossa Igreja?
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