segunda-feira, 1 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (306)

306 | Ano B | Oitava da Páscoa | Terça | João 20,11-18

02/04/2024

Junto da sepultura de Jesus, Maria Madalena chora sua desesperança, sua desorientação e sua pena. Para ela, a única coisa certa e palpável é a morte de Jesus. Está disposta a levá-lo consigo, mesmo morto. Vê anjos que a interrogam sobre a dor. Não pronuncia ao Jardineiro o nome de Jesus, e o chama de Senhor. Não reconhece Jesus pela voz, nem pela aparência. É a mesma cegueira demonstrada depois por Tomé. A tumba vazia é um indicativo insuficiente para sustentar a fé na ressurreição de Jesus.

As vestes brancas e a pergunta dos anjos demonstram que não há motivo para o luto. Mas é somente quando Jesus chama Madalena pelo nome, quando ela se volta a ele e deixa de olhar para a sepultura, para o passado, que seus olhos se abrem. É a voz do pastor que caminha à frente e é reconhecido pelas ovelhas, a voz que chama pelo nome a acolhe cada pessoa, nas suas dores e nos seus sonhos. Madalena se descobre a esposa da nova aliança.

Esta experiência de Maria de Magdala ainda não é a meta, mas apenas o começo da missão, do testemunho aos irmãos, à comunidade dos/as iguais constituída na ceia e no lava-pés. Depois de tê-lo desejado, buscado, conhecido, seguido e amado em vida, ela precisa se inclinar para dentro de si mesma, para a profundidade do seu próprio desejo, para reconhecê-lo e amá-lo sem retê-lo. Sem isso, seus olhos continuariam fechados para a novidade.

É no movimento de voltarmo-nos para nossa interioridade mais profunda e misteriosa, de superar um certo realismo, que é mais cinismo desmobilizador, que identificamos os sinais de vida e encontramos Jesus ressuscitado que está a nos chamar pelo nome. Crer em Jesus crucificado e ressuscitado é mais que constatar que a sepultura está vazia; significa encontrá-lo, escutá-lo e segui-lo pessoalmente, e de modo renovado, na missão.

Que o Espírito Santo abra nossos olhos para que possamos ver a presença de Jesus escondida, solidária e transformadora neste mundo tão ambivalente e contraditório. E possamos reconhecer, com os olhos da fé, que ele está próximo de nós e de todos/as os/as sofredores/as e vítimas, dialogando, chamando e enviando. E brilha em todos os gestos de ternura e de bondade.

 

Meditação:

·        Preste atenção nas palavras de envio de Maria aos discípulos. Com que palavra Jesus se refere àqueles que o abandonaram?

·        Como entender a aparente cegueira e falta de discernimento de Maria, incapaz de reconhecer Jesus que está vivo e lhe fala?

·        O  que faz com que tantos cristãos não vivam a fé na ressurreição de Jesus como imperativo para continuar sua missão libertadora?

·        O testemunho que damos com nossa vida é ajuda ou empecilho para que as pessoas de hoje acreditem na ressurreição de Jesus?

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