segunda-feira, 29 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (335)

335 | Ano B | 5ª Semana da Páscoa | Terça-feira | João 14,27-31

30/04/2024

Estes breves versículos são densos e intensos. Eles representam a conclusão da primeira parte do diálogo de Jesus com os discípulos, após a ceia. Jesus vê estampado nos olhos deles o medo e a perturbação e, mesmo assim, não os poupa da verdade: ele deve ir, partir, ausentar-se brevemente. Mas o faz para voltar mais tarde, e voltar plenamente. Por isso, deixa-lhes a paz, e quer que vivam alegres e confiantes, como discípulos maduros.

“Paz” é a palavra de despedida da comunidade judaica. Utilizando esta saudação, Jesus sublinha que não a faz como todo mundo costuma fazer. É sua saudação pessoal, que não é um adeus, mas um “até breve” ou “até logo”, com reforço no advérbio de tempo. Ele não se despede, porque ele vai para voltar, ele vai e fica, ele vai ficando. Esta sua ida é indispensável, porque nela, na cruz por amor, ele tornará concreto e irrefutável o amor de Deus pela humanidade.

Jesus diz que não poderá falar muito porque deve partir, porque sua partida é iminente e o tempo é breve. Na verdade, será preso naquela mesma noite. Por isso, Jesus fala da aproximação do “chefe deste mundo”, que personifica as forças e estruturas que oprimem e dominam, inclusive aquelas que agem em nome da religião. Mas Jesus deixa claro que este chefe não tem força de mando ou poder de intimidação sobre ele: quem tem a Palavra é o Pai.

Jesus decide trilhar o caminho da paixão e morte não porque “o chefe deste mundo” tem poder sobre ele, mas porque assim cumprirá a vontade do Pai, que o quer radicalmente compassivo e solidário com as vítimas de todos os tempos, sinal concreto do imenso, generoso e eterno amor do Pai. Isso não deixará dúvidas sobre a autenticidade da sua mensagem e da sua identificação com o querer e o agir do Pai em benefício da humanidade.

Jesus prefere entregar sua vida para ao invés de ceder à lógica do mundo, e, assim, o vence. Por isso, é bom que ele vá ao Pai, passando pela cruz. Sua acolhida nos braços daquele que “é maior” é a confirmação de que ele, humano que é, vem do Pai, fala o que ouviu do Pai e faz aquilo que vê o Pai fazer. E convida os discípulos a levantar e seguir com ele.

 

Meditação:

·    Coloque-se mentalmente junto aos discípulos, perturbados com o anúncio da sua morte e com a previsão de que seria traído por um dos seus discípulos

·    Acolha as palavras de despedida de Jesus, a afirmação de que vai para voltar, que vai ficando, o seu “até breve!”

·    Tome consciência dos medos, fragilidades e carências que perturbam você, sua família e sua comunidade

·    Procure experimentar a alegria que nos vem da certeza de que é bom para nós que Jesus volte ao Pai, que o enviou e sempre o envia

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