335 | Ano B | 5ª Semana da Páscoa | Terça-feira | João
14,27-31
30/04/2024
Estes breves versículos são densos e
intensos. Eles representam a conclusão da primeira parte do diálogo de Jesus
com os discípulos, após a ceia. Jesus vê estampado nos olhos deles o medo e a
perturbação e, mesmo assim, não os poupa da verdade: ele deve ir, partir,
ausentar-se brevemente. Mas o faz para voltar mais tarde, e voltar plenamente.
Por isso, deixa-lhes a paz, e quer que vivam alegres e confiantes, como
discípulos maduros.
“Paz” é a palavra de despedida da
comunidade judaica. Utilizando esta saudação, Jesus sublinha que não a faz como
todo mundo costuma fazer. É sua saudação pessoal, que não é um adeus, mas um
“até breve” ou “até logo”, com reforço no advérbio de tempo. Ele não se
despede, porque ele vai para voltar, ele vai e fica, ele vai ficando. Esta sua
ida é indispensável, porque nela, na cruz por amor, ele tornará concreto e
irrefutável o amor de Deus pela humanidade.
Jesus diz que não poderá falar muito
porque deve partir, porque sua partida é iminente e o tempo é breve. Na
verdade, será preso naquela mesma noite. Por isso, Jesus fala da aproximação do
“chefe deste mundo”, que personifica as forças e estruturas que oprimem e
dominam, inclusive aquelas que agem em nome da religião. Mas Jesus deixa claro
que este chefe não tem força de mando ou poder de intimidação sobre ele: quem
tem a Palavra é o Pai.
Jesus decide trilhar o caminho da
paixão e morte não porque “o chefe deste mundo” tem poder sobre ele, mas porque
assim cumprirá a vontade do Pai, que o quer radicalmente compassivo e solidário
com as vítimas de todos os tempos, sinal concreto do imenso, generoso e eterno
amor do Pai. Isso não deixará dúvidas sobre a autenticidade da sua mensagem e
da sua identificação com o querer e o agir do Pai em benefício da humanidade.
Jesus prefere entregar sua vida para ao
invés de ceder à lógica do mundo, e, assim, o vence. Por isso, é bom que ele vá
ao Pai, passando pela cruz. Sua acolhida nos braços daquele que “é maior” é a
confirmação de que ele, humano que é, vem do Pai, fala o que ouviu do Pai e faz
aquilo que vê o Pai fazer. E convida os discípulos a levantar e seguir com ele.
Meditação:
· Coloque-se mentalmente junto aos discípulos, perturbados com o
anúncio da sua morte e com a previsão de que seria traído por um dos seus
discípulos
· Acolha as palavras de despedida de Jesus, a afirmação de que vai
para voltar, que vai ficando, o seu “até breve!”
· Tome consciência dos medos, fragilidades e carências que
perturbam você, sua família e sua comunidade
· Procure experimentar a alegria que nos vem da certeza de que é
bom para nós que Jesus volte ao Pai, que o enviou e sempre o envia
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