sexta-feira, 12 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (317)

317 | Ano B | 2ª Semana da Páscoa | Sábado | João 6,16-21

13/04/2024

Depois de atender a fome do povo, e depois de escapar para que a multidão exaltada não o transformassem num chefe político isolado e poderoso, Jesus sobe ao monte sozinho, toma consciência de que o Reino de Deus tem o dinamismo que brota da cruz e, depois, atravessa o mar sem levar com ele as multidões. O povo precisa então tomar a decisão de fazer ou não a travessia.

Os discípulos desertam, tomam uma barca qualquer, voltam atrás, retornam a uma vida vazia de utopias, desprovida de uma força capaz de impulsioná-la. Por isso, enfrentam a noite, a crise, o mar agitado. A escuridão denota falta de rumo, agitação interior, frustração, discordância, ruptura, busca de velhas soluções. As trevas lembram também a ideologia predominante: submissão às leis do mercado. Eles não esperam Jesus, e o mau espírito os agita.

No meio dessa turbulência tão exterior como interior, Jesus vai ao encontro dos discípulos. Quando eles o veem, temem suas advertências, mas ele caminha sobre as águas turbulentas e vai ao encontro deles. Os discípulos aceitam sua amizade e desejam acolhê-lo, mas a travessia termina imediatamente, assim como a agitação. Eles chegam rapidamente ao lugar para onde Jesus queria levá-los, e não para onde desejavam ir.

O povo ficara perdido, pois a comunidade dos discípulos, que fora a referência para encontrá-lo, desapareceu, fugiu. E então Jesus fala pela primeira vez com o povo, mas não responde às suas perguntas. O que ele faz é evidenciar a ambiguidade das motivações que movem a multidão a busca-lo tão ansiosamente. Jesus pede que alarguem seu horizonte, que entendam os sinais: a compaixão e o amor de Deus, a partilha, o resgate da dignidade das pessoas. É isso que significa “trabalhar pelo pão verdadeiro”, o pão que não acaba.

As multidões, cansadas e esmagadas por múltiplas explorações e dominações, inclusive em nome da religião, não conhecem o amor gratuito, e esperam de Jesus apenas ordens e leis, mostrando-se dispostos à submissão, desde que recebessem o que comer. Tem uma fé limitada, pois veem Jesus apenas como ponto de chegada, desejam o que ele dá, acham difícil ser como ele, viver no espírito dele. Buscar e acolher seu Espírito é buscar o pão que não perece...

 

Meditação:

·    Leia atentamente, sem pressa, palavra por palavra, gesto por gesto este episódio situado depois de Jesus alimentar a multidão faminta

·    Que reações esboçamos diante de atitudes e palavras de Jesus que nos parecem exigentes demais, contra nossas expectativas?

·    O que é que hoje nos amedronta, intimida e diminui nosso necessário compromisso com a transformação do mundo?

·    Temos alguma experiência de acolher Jesus em nosso “barco agitado” e recuperar a serenidade e chegado onde ele queria?

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