quarta-feira, 17 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (323)

323 | Ano B | 3ª Semana da Páscoa | Quinta-feira | João 6,44-51

18/04/2024

Nesta quarta parte da sua catequese sobre o verdadeiro pão, Jesus enfrenta o escândalo que suas ações e suas declarações causam nos judeus. Ele volta a comparar a si mesmo com o maná com o qual Deus alimento o povo hebreu no seu êxodo, mas aproveita a oportunidade e aborda também a questão do dinamismo da fé, da sua origem divina e da qualidade das ações que realiza.

Os “judeus” aos quais se refere o texto de João não são as pessoas que vivem Israel, mas aqueles que resistem em reconhecer os sinais de Deus e aderir a ele, onde quer que estejam e qualquer que seja sua nacionalidade. No deserto, os “judeus” reclamaram do maná, chamando de “alimento nojento”, e não o reconheceram como sinal do amor de Deus. Agora, reclamam de Jesus, “filho de José”, que, aos olhos deles, não goza de nobreza para ser filho de Deus.

A busca de Deus, o encontro com ele, e a adesão prática ao seu querer tem um dinamismo: parte de Deus, que atrai a ele; e supõe nossa disponibilidade e a docilidade. Deus nada faz sem nossa livre adesão, mas pouco ou nada de bom realizamos se ele não nos atrair. É o que Jesus experimentou como Filho, e nos revelou. Quem se deixa atrair por Deus precisa reconhecê-lo em sua condição humana, tal como se manifesta na compaixão humana do “filho de José”.

Desde sempre, o que Deus mais deseja e faz é encontrar mil formas de vir ao encontro do ser humano para ajuda-lo e fazê-lo mais humano. Esta vontade e este dinamismo se tornam definitivos e insuperáveis em Jesus Cristo. Mas os “judeus”, ou incrédulos de todos os tempos, queremos dissocia-lo da humanidade de Jesus e afastá-lo da condição humana. Essa falta de fé atesta que não conhecemos (não “vimos”) a Deus.

A aceitação da condição humana fragilizada, radicalmente assumida por Jesus, é o único caminho que pode nos conduzir à vida. Ele, o filho de José, aquele que acolhe pecadores e proscritos, aquele cuja compaixão é sempre viva e ativa, é pão que desce, sacia nossa fome de plenitude e plenifica a vida. Sem esse reconhecimento e aceitação dessa “carne” de Jesus, a vida continua estreita, limitada, precária, “severina”.

 

Meditação:

·    Releia atentamente essa dura e exigente “catequese” de Jesus, evitando concluir sem mais que ele fala simplesmente da eucaristia

·    Será que nós fazemos parte do grupo dos “judeus”, dos incrédulos que não aceitam a condição e a compaixão humana de Jesus?

·    Este Jesus, “filho de José”, irmão universal, amor incondicional e rebeldia profética, é o Deus que nos atrai?

·    Teríamos suficiente sinceridade para dizer aquilo que, em Jesus, nos escandaliza e desestabiliza?

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