323 | Ano B | 3ª Semana da Páscoa | Quinta-feira | João
6,44-51
18/04/2024
Nesta quarta parte da sua catequese
sobre o verdadeiro pão, Jesus enfrenta o escândalo que suas ações e suas
declarações causam nos judeus. Ele volta a comparar a si mesmo com o maná com o
qual Deus alimento o povo hebreu no seu êxodo, mas aproveita a oportunidade e
aborda também a questão do dinamismo da fé, da sua origem divina e da qualidade
das ações que realiza.
Os “judeus” aos quais se refere o texto
de João não são as pessoas que vivem Israel, mas aqueles que resistem em
reconhecer os sinais de Deus e aderir a ele, onde quer que estejam e qualquer
que seja sua nacionalidade. No deserto, os “judeus” reclamaram do maná,
chamando de “alimento nojento”, e não o reconheceram como sinal do amor de
Deus. Agora, reclamam de Jesus, “filho de José”, que, aos olhos deles, não goza
de nobreza para ser filho de Deus.
A busca de Deus, o encontro com ele, e
a adesão prática ao seu querer tem um dinamismo: parte de Deus, que atrai a
ele; e supõe nossa disponibilidade e a docilidade. Deus nada faz sem nossa
livre adesão, mas pouco ou nada de bom realizamos se ele não nos atrair. É o
que Jesus experimentou como Filho, e nos revelou. Quem se deixa atrair por Deus
precisa reconhecê-lo em sua condição humana, tal como se manifesta na compaixão
humana do “filho de José”.
Desde sempre, o que Deus mais deseja e
faz é encontrar mil formas de vir ao encontro do ser humano para ajuda-lo e
fazê-lo mais humano. Esta vontade e este dinamismo se tornam definitivos e
insuperáveis em Jesus Cristo. Mas os “judeus”, ou incrédulos de todos os
tempos, queremos dissocia-lo da humanidade de Jesus e afastá-lo da condição
humana. Essa falta de fé atesta que não conhecemos (não “vimos”) a Deus.
A
aceitação da condição humana fragilizada, radicalmente assumida por Jesus, é o
único caminho que pode nos conduzir à vida. Ele, o filho de José, aquele que
acolhe pecadores e proscritos, aquele cuja compaixão é sempre viva e ativa, é
pão que desce, sacia nossa fome de plenitude e plenifica a vida. Sem esse
reconhecimento e aceitação dessa “carne” de Jesus, a vida continua estreita,
limitada, precária, “severina”.
Meditação:
· Releia atentamente essa dura e exigente “catequese” de Jesus,
evitando concluir sem mais que ele fala simplesmente da eucaristia
· Será que nós fazemos parte do grupo dos “judeus”, dos incrédulos
que não aceitam a condição e a compaixão humana de Jesus?
· Este Jesus, “filho de José”, irmão universal, amor incondicional
e rebeldia profética, é o Deus que nos atrai?
· Teríamos suficiente sinceridade para dizer aquilo que, em Jesus,
nos escandaliza e desestabiliza?
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