322 | Ano B | 3ª Semana da Páscoa | Quarta-feira | João
6,35-40
17/04/2024
Na terceira parte da catequese sobre o
verdadeiro pão, Jesus convida enfaticamente à fé, a reconhecer que ele – o
galileu, o carpinteiro, o filho de José e de Maria – é o enviado de Deus, o pão
vivo e verdadeiro que desceu do céu. E pede aos seus interlocutores uma
confiança fundamental nele e no seu Evangelho, que lhe deem crédito, que
aceitem sua verdade. Trata-se de crer que Deus está nele e age nele.
Mas essa fé ou adesão a Jesus não é um
ato voluntarista, ritual ou idílico. É uma decisão que tem uma base, um
fundamento e um dinamismo: a vontade do Pai, e essa vontade é que nenhum/a
filho/a seu se perca, que ninguém perca as condições materiais para viver, nem o
sentido da vida. A vontade do Pai é clara: que toda pessoa que vê o Filho e
nele crê tenha vida eterna. É para tornar isso possível e palpável que o Filho
“desceu”.
Jesus é doador e fonte de vida, e não
um limitador da vida (como é a Lei) ou um juiz pronto a identificar e punir
culpados. Ele é o pão da vida, e quem vai a ele não terá outra fome. Mas é
preciso ir ao encontro dele, aceitar seu caminho, entender a convocação que se
esconde em cada sinal que ele realiza. Porém, Jesus constata um pouco desolado:
“Vós me vistes, mas não acreditais...”
Jesus afirma com clareza que não afasta
nem trata com descaso ou dureza aqueles/as que o Pai confia a ele e o procuram,
aqueles/as que decidem percorrer seu caminho e fazer parte do seu povo.
Estes/as não perderão nada, nem se perderão; ao contrário, ganharão tudo. Jesus
promete que ressuscitará estes/as seguidores/as “no último dia”, o sétimo dia
da criação, o ápice da criação saída do coração de Deus.
A expressão “no último dia” é também
uma referência à sexta-feira, ao dia da doação total e radical de Jesus na
cruz, que ele “abraça livremente”. É do alto da cruz, em meio a duas outras
vítimas com as quais se solidariza, que Jesus revela até onde vai o amor do
Pai, perdoa os seus próprios assassinos e, por isso, pode declarar: “Tudo está
consumado!” Ele é a criação consumada, madura e libertada, o doador da vida no
qual todos/as renascemos. É em gestos semelhantes a esse que nos tornamos
semelhantes a Deus
Meditação:
§ Releia atentamente essa dura e exigente “catequese” de Jesus,
evitando concluir sem mais que ele fala simplesmente da eucaristia
§ Será que não estamos entre aqueles/as que viram, mas não
acreditam, que não permitem que Jesus e seu Evangelho guie suas opções e
organizem seus valores e prioridades?
§ Será que não corremos o risco de evitar o renascimento no amor
incondicional e sem medidas, e transformamos o “último dia” na última coisa que
seríamos capazes de aceitar?
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