terça-feira, 16 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (322)

322 | Ano B | 3ª Semana da Páscoa | Quarta-feira | João 6,35-40

17/04/2024

Na terceira parte da catequese sobre o verdadeiro pão, Jesus convida enfaticamente à fé, a reconhecer que ele – o galileu, o carpinteiro, o filho de José e de Maria – é o enviado de Deus, o pão vivo e verdadeiro que desceu do céu. E pede aos seus interlocutores uma confiança fundamental nele e no seu Evangelho, que lhe deem crédito, que aceitem sua verdade. Trata-se de crer que Deus está nele e age nele.

Mas essa fé ou adesão a Jesus não é um ato voluntarista, ritual ou idílico. É uma decisão que tem uma base, um fundamento e um dinamismo: a vontade do Pai, e essa vontade é que nenhum/a filho/a seu se perca, que ninguém perca as condições materiais para viver, nem o sentido da vida. A vontade do Pai é clara: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha vida eterna. É para tornar isso possível e palpável que o Filho “desceu”.

Jesus é doador e fonte de vida, e não um limitador da vida (como é a Lei) ou um juiz pronto a identificar e punir culpados. Ele é o pão da vida, e quem vai a ele não terá outra fome. Mas é preciso ir ao encontro dele, aceitar seu caminho, entender a convocação que se esconde em cada sinal que ele realiza. Porém, Jesus constata um pouco desolado: “Vós me vistes, mas não acreditais...”

Jesus afirma com clareza que não afasta nem trata com descaso ou dureza aqueles/as que o Pai confia a ele e o procuram, aqueles/as que decidem percorrer seu caminho e fazer parte do seu povo. Estes/as não perderão nada, nem se perderão; ao contrário, ganharão tudo. Jesus promete que ressuscitará estes/as seguidores/as “no último dia”, o sétimo dia da criação, o ápice da criação saída do coração de Deus.

A expressão “no último dia” é também uma referência à sexta-feira, ao dia da doação total e radical de Jesus na cruz, que ele “abraça livremente”. É do alto da cruz, em meio a duas outras vítimas com as quais se solidariza, que Jesus revela até onde vai o amor do Pai, perdoa os seus próprios assassinos e, por isso, pode declarar: “Tudo está consumado!” Ele é a criação consumada, madura e libertada, o doador da vida no qual todos/as renascemos. É em gestos semelhantes a esse que nos tornamos semelhantes a Deus

 

Meditação:

§  Releia atentamente essa dura e exigente “catequese” de Jesus, evitando concluir sem mais que ele fala simplesmente da eucaristia

§  Será que não estamos entre aqueles/as que viram, mas não acreditam, que não permitem que Jesus e seu Evangelho guie suas opções e organizem seus valores e prioridades?

§  Será que não corremos o risco de evitar o renascimento no amor incondicional e sem medidas, e transformamos o “último dia” na última coisa que seríamos capazes de aceitar?

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