316 | Ano B | 2ª Semana da Páscoa | Sexta-feira | João
6,1-15
12/04/2024
No capítulo 6 do seu evangelho, João
nos apresenta o primeiro encontro de Jesus com a multidão. O episódio é situado
próximo à festa da páscoa judaica, e, na ocasião, Jesus realiza dois sinais muito importantes: a
multiplicação dos pães, às margens do lago, diante de uma multidão e a serviço
dela; a caminhada sobre as águas, um sinal mais discreto, na presença apenas
dos discípulos.
Jesus está no apogeu da sua missão. A
multidão acolhe seu ensinamento e acredita nele, graças aos sinais que realiza.
Mais a sua fama e a crescente multidão que o procura acaba provocando uma forte
crise: onde encontrar alimento para toda essa gente? Os discípulos já haviam
discutido sobre isso, como aparece na resposta de Filipe. Eles haviam calculado
que dar uma refeição, mesmo que frugal, ao povo teria um custo equivalente a
100 dias de trabalho!).
Jesus convoca os discípulos a agir e
cooperar com ele, e Filipe não vislumbra solução fora do sistema dominante:
comprar. André visualiza um começo de solução: comunica a Jesus o que a
comunidade dispõe para si mesma. O menino (“criadinho”), símbolo do discípulo,
entrega o pouco que tem, sem reservar nada para si. E Jesus faz pelo povo
aquilo que se recusara a fazer para si mesmo.
Jesus toma os pães de cevada (alimento
de baixa qualidade!) e os peixes e dá graças a Deus. Com isso, liberta estes
parcos bens da apropriação privada e exclusiva, e proclama que pertencem a
Deus. É quando devolvemos o que temos a quem lhe pertence de verdade que brota
a abundância na mesa de todos. Mas os bens só produzem vida abundante quando os
discípulos servem.
A resposta da multidão a essa ação de
Jesus é o reconhecimento de que ele é o Profeta que esperavam. Mas esse
entusiasmo traz em si mesma e esconde uma tentação: fazer de Jesus um rei, um
chefe político. Este é o risco que ronda os líderes, tanto políticos como
religiosos, quando fascinam o povo.
Jesus se retira sozinho, em busca de
integridade e serenidade de coração. Ele se afasta dos discípulos (também
tentados pelo poder e pela passividade) e da multidão para se manter fiel à
vontade do Pai: confiar às pessoas e solução dos problemas sociais concretos.
Meditação:
· Leia atentamente, palavra por palavra, gesto por gesto este episódio
ambientado no deserto, pouco antes da páscoa dos judeus
· Você se
percebe no meio da multidão faminta, que espera alimento, ou entre os
discípulos que são chamados a colaborar com Jesus?
· Qual é sua
reação diante dos problemas que afligem o povo hoje: indiferença? Busca de
culpados? Busca de soluções?
· O que você
está disposto/a a colocar hoje nas mãos de Jesus para que ele ajude a diminuir
o sofrimento do seu povo?
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