sexta-feira, 19 de abril de 2024

A luz do Evangelho na vida de cada dia (325)

325 | Ano B | 3ª Semana da Páscoa | Sábado | João 6,60-69

20/04/2024

Tornou-se recorrente reduzir o “diálogo catequético” de Jesus, que meditamos durante toda a semana que está terminando, a uma inofensiva e evasiva doutrina sobre a eucaristia. O trecho de hoje, que é o desfecho desse diálogo, não deixa dúvidas sobre seu caráter profético, exigente e provocador do ensino de Jesus, tanto que faz os discípulos desabafarem: “Estas Palavras são duras demais! Quem poderá continuar ouvindo isso?” Alguém reagiria assim diante de uma simples catequese “espiritual” sobre a Eucaristia?

A reação de Jesus não é adocicar seu anúncio para não perder ouvintes e seguidores. Frente aos discípulos que acham seu ensino insuportável, murmuram escandalizados, que só conseguem esperar de Jesus sucesso e triunfo, que conseguem apenas entender sinais de poder, que se rebelam e pensam em desertar, Jesus reage com mais uma provocação frontal: “Entre vós há alguns que não creem... Vós também não quereis ir embora?”

Parece que Jesus prefere ficar sozinho a contar com discípulos pela metade, mais firmes em suas próprias ambições e medos que na proposta de Jesus, centrada no dom solidário de si mesmo pela vida do mundo. Entre os Doze há quem não seja fiel na adesão a Jesus e na amizade com ele, é inimigo e causador de divisão e não consegue se afastar de um projeto contrário ao de Jesus.

Os Doze, representados por Pedro, intuem que, por mais duras que sejam as palavras, e por mais exigente que seja o caminho proposto por Jesus, não há vida que valha a pena longe ou fora dele: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. Mesmo cercados de dúvidas, eles percebem o que é essencial.

Se antes Jesus se dirigia às multidões e aos líderes dos judeus, agora dirige-se aos discípulos. Na verdade, todo a catequese é dirigida virtualmente a eles, desde a convocação a ajudar a saciar a fome da multidão até a provocação a tomar a decisão radical de ficar com ele ou deixá-lo. Apesar da resposta firme dada na voz de Pedro, eles tropeçarão, cairão e recomeçarão. Como nós!

 

Meditação:

·    Recomponha na memória este trecho final da catequese pascal que Jesus desenvolve para a multidão, mas com ênfase aos discípulos

·    Será que a assimilação profunda e integral da proposta e do caminho de Jesus também não deveria nos deixar preocupados/as?

·    O que pensar de pessoas que dedicam horas e horas à adoração eucarística, mas mostram total indiferença diante do próximo?

·    O que nos mantém firmes no caminho de assimilação da proposta de Jesus e impede que abandonemos seu barco?

·    Qual é a “palavra”, gesto ou ensinamento de Jesus que, para você, tem mais sabor e dinamismo de vida plena?

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