terça-feira, 2 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (307)

307 | Ano B | Oitava da Páscoa | Quarta | Lucas 24,13-35

03/04/2024

Os evangelhos fazem questão de revelar as dificuldades e a lentidão com que os discípulos e discípulas vão acolhendo e reconhecendo a ressurreição de Jesus Cristo. É uma parábola do que acontece conosco! Nisso, o episódio de hoje é paradigmático. Os discípulos estão desolados, e caminham como cegos. Para eles, o fracasso de Jesus fora completo e arrasador. Eles não conseguem conciliar a esperança suscitada por Jesus com ele pregado na cruz.

Imersos nessa desolação, percorrendo o caminho de volta à “velha normalidade”, o próprio Jesus se aproxima deles e puxa conversa. Começa perguntando pelo assunto sobre o qual falam e pelo motivo da tristeza. Com a sabedoria de mestre, Jesus conduz os discípulos ao coração da própria dor e ao aspecto central dos acontecimentos. E faz isso caminhando, voltando ao passado, ao secreto e misterioso lugar onde dormiam as esperanças deles.

Caminhando e dialogando com os discípulos, Jesus provoca neles a abertura a uma imagem de Deus despida de poder e de saber. E sua catequese paciente e lúcida acaba abrindo algumas pequenas brechas na terra seca dos pensamentos e sentimentos deles. Eles percebem que é tarde, e que um caminho sem esperanças não leva a lugar nenhum. E convidam o inesperado companheiro a desfrutar da hospitalidade e a dividir com eles o pão seco da dor.

A sede de companhia, somada ao desejo de partilhar o pouco que lhes resta, acaba abrindo-lhes as portas e acendendo uma luz. Acolhendo o “forasteiro” e partilhando com ele a vida e o pão, os discípulos passam da cegueira à visão, da frustração à alegria, da escuridão à luz. E o paradoxal disso tudo, é que isso ocorre no mesmo momento em que Jesus deixa de ser visível a eles. Quando a luz da fé começa a brilhar, dispensamos o apoio de algumas experiências demasiadamente sensíveis.

O exercício da hospitalidade e da partilha abre-lhes a possibilidade de fazer uma releitura daquilo que viveram, compreender melhor o que sentem e descobrir o significado daquilo que acontecera. Só então eles dão atenção ao que sentiam na estrada: “Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho?” Que o Evangelho de Jesus aqueça, também hoje, nosso coração!

Meditação:

·        Leia atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por gesto, esta cena dos discípulos de Emaús

·        Preste atenção na atitude de Jesus, nas perguntas que faz, na sua forma de conduzir ao entendimento da vida e das escrituras

·        Como entender a cegueira e falta de discernimento para entender a realidade de Jesus por parte dos discípulos de Emaús e de hoje?

·        O que significa para nós hoje, voltar a Jerusalém, mesmo no escuro? Apenas encontrar os irmãos, ou também enfrentar riscos?

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