307 | Ano B | Oitava da Páscoa | Quarta | Lucas
24,13-35
03/04/2024
Os evangelhos
fazem questão de revelar as dificuldades e a lentidão com que os discípulos e
discípulas vão acolhendo e reconhecendo a ressurreição de Jesus Cristo. É uma parábola
do que acontece conosco! Nisso, o episódio de hoje é paradigmático. Os
discípulos estão desolados, e caminham como cegos. Para eles, o fracasso de
Jesus fora completo e arrasador. Eles não conseguem conciliar a esperança
suscitada por Jesus com ele pregado na cruz.
Imersos nessa
desolação, percorrendo o caminho de volta à “velha normalidade”, o próprio
Jesus se aproxima deles e puxa conversa. Começa perguntando pelo assunto sobre
o qual falam e pelo motivo da tristeza. Com a sabedoria de mestre, Jesus conduz
os discípulos ao coração da própria dor e ao aspecto central dos
acontecimentos. E faz isso caminhando, voltando ao passado, ao secreto e
misterioso lugar onde dormiam as esperanças deles.
Caminhando e
dialogando com os discípulos, Jesus provoca neles a abertura a uma imagem de
Deus despida de poder e de saber. E sua catequese paciente e lúcida acaba
abrindo algumas pequenas brechas na terra seca dos pensamentos e sentimentos
deles. Eles percebem que é tarde, e que um caminho sem esperanças não leva a
lugar nenhum. E convidam o inesperado companheiro a desfrutar da hospitalidade
e a dividir com eles o pão seco da dor.
A sede de
companhia, somada ao desejo de partilhar o pouco que lhes resta, acaba
abrindo-lhes as portas e acendendo uma luz. Acolhendo o “forasteiro” e
partilhando com ele a vida e o pão, os discípulos passam da cegueira à visão,
da frustração à alegria, da escuridão à luz. E o paradoxal disso tudo, é que
isso ocorre no mesmo momento em que Jesus deixa de ser visível a eles. Quando a
luz da fé começa a brilhar, dispensamos o apoio de algumas experiências
demasiadamente sensíveis.
O exercício da hospitalidade e da partilha abre-lhes a possibilidade de fazer uma releitura daquilo que viveram, compreender melhor o que sentem e descobrir o significado daquilo que acontecera. Só então eles dão atenção ao que sentiam na estrada: “Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho?” Que o Evangelho de Jesus aqueça, também hoje, nosso coração!
Meditação:
·
Leia
atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por
gesto, esta cena dos discípulos de Emaús
·
Preste
atenção na atitude de Jesus, nas perguntas que faz, na sua forma de conduzir ao
entendimento da vida e das escrituras
·
Como
entender a cegueira e falta de discernimento para entender a realidade de Jesus
por parte dos discípulos de Emaús e de hoje?
·
O que
significa para nós hoje, voltar a Jerusalém, mesmo no escuro? Apenas encontrar os
irmãos, ou também enfrentar riscos?
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