sábado, 6 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (311)

311 | Ano B | 2ª Semana da Páscoa | Domingo | João 20,19-31

07/04/2024

Era noite, e as portas estavam muito bem fechadas. Os discípulos estavam desanimados, envergonhados, amedrontados, sem perspectivas. Ao medo da possível perseguição pelas autoridades judaicas se juntava a frustração pela imagem terrível e pesada de um Messias crucificado, sem poder, abandonado por todos/as, e até, aparentemente, por Deus.

Mas os muros do remorso e do medo não impedem a manifestação de Jesus, e ele se faz presente no meio daquele grupo desarticulado. E a sua primeira palavra é de misericórdia, acolhida e pacificação: “A paz esteja com vocês!” E lhes mostra as feridas nas mãos e no lado esquerdo, assegurando com isso que sua história concreta é importante, que sua presença não é mera fantasia e que seu amor fiel e solidário continua na história.

A alegria pascal não brota apenas da certeza na nossa ressurreição futura, mas também da experiência atual e cotidiana de não sermos condenados/as, de sermos aceitos/as como amigos e amigas de Jesus de Nazaré. Mas a fé na ressurreição esconde um risco: podemos ficar de tal modo extasiados com as imagens de anjos e com as palavras de paz, pela visão de um Cristo exaltado e sentado à direita do Pai, que esquecemos que nossa missão de discípulos/as está apenas começando.

Por isso, depois de desejar a paz, Jesus confere uma missão aos discípulos: “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês”. Trata-se de continuar seu próprio trabalho de carregar nas costas pecado estruturado e institucionalizado no mundo. E esta missão urge, não pode ser postergada para quando tivermos tempo. O pecado que não eliminarmos permanecerá aqui, diminuindo e ferindo a vida de muita gente e garantindo o privilégio de poucos.

O pecado é a cumplicidade com a injustiça, e perdoar os pecados significa dissolver os laços que vinculam as pessoas a essa cumplicidade. Abraçar a fé em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado vincula os discípulos e discípulas aos irmãos e irmãs, à partilha dos bens “conforme a necessidade de cada um”, à alegria radiante, à simplicidade profunda e cordial. Faz de nós uma Igreja sinodal, solidária e em saída às periferias.

 

Meditação:

·    As portas e janelas fechadas não impedem a presença do Senhor ressuscitado; será que ocorre o mesmo com o fechamento mental?

·    Qual é o maior obstáculo para reconhecer a presença de Jesus ressuscitado e prosseguir sua missão de tirar o pecado do mundo?

·    Segundo sua experiência, somente quem vê pode crer, ou será que somente quem crê consegue ver corretamente o que é essencial?

·    Você se sente incluído/a nessa bem-aventurança de Jesus: Felizes aqueles que creram sem terem visto?

Nenhum comentário: