329 | Ano B | 4ª Semana da Páscoa | Quarta-feira | João
12,44-50
24/04/2024
Este episódio do
evangelho está no contexto da festa da dedicação do templo de Embora apresentem
cenas da vida de Jesus antes da morte e ressurreição, os evangelhos são
totalmente pós-pascais, e precisam ser lidos nesta perspectiva. É isso que
estamos fazendo desde o segundo domingo da Páscoa. E o texto de hoje está situado no final da
primeira parte do evangelho segundo João, imediatamente antes da narração da
ceia e do lava-pés, cena com a qual inicia-se a narração da paixão, morte e
ressurreição de Jesus.
Sobre Jesus já
pesava um decreto de morte, e ele estava plenamente consciente disso. É por
isso que ele andava se escondendo, mas não se furtava de dizer aquilo para o
qual o Pai o havia enviado. As palavras de hoje são as últimas que Jesus
pronuncia diante de todos/as os/as ouvintes, pois doravante falará apenas com
seus discípulos/as e com seus perseguidores. E é a terceira vez que Jesus fala
alto, gritando (como em Jo 7,28.37).
Escutemos atentamente!
Em seu discurso,
Jesus sublinha que suas ações e palavras são luz, amor solidário que conduz à
vida. São um caminho diametralmente oposto às trevas, que são o egoísmo
doentio, que produzem opressão e levam à morte. Quem o encontra é posto numa
encruzilhada, e deve escolher entre luz e trevas. Nesta oposição nada
metafísica e profundamente histórica, Jesus resume sua missão, como João já o
fizera no primeiro capítulo do seu evangelho.
E o que Jesus faz
e ensina não é aquilo que ele gosta ou acha oportuno, mas aquilo que o Pai pede
que ele diga e faça. Ele não faz nada por si mesmo, e sente-se honrado em ser
enviado, em cumprir a vontade do Pai. Ele dispensa qualquer protagonismo, pois
basta-lhe a plena comunhão com o Pai no ensino e na ação. Para conhecermos Deus
precisamos olhar para Jesus diz e faz, renunciando às ideias preconcebidas e
aos conceitos abstratos.
Ele é caminho
para a vida, e salva-nos suscitando em nós a capacidade de amar como ele ama.
Por isso, este é “a” ação do Pai, especialmente no gesto de repartir o pão e
lavar os pés dos seus discípulos. Quem escolhe outro caminho, prepara o próprio
malogro e ruína, não chega a realizar-se como ser humano.
Meditação:
· Olhando para o que Jesus faz, e escutando o que ele ensina, conseguimos
ver e ouvir Deus Pai?
· Ou permanecemos com ideias preconcebidas sobre Deus e procuramos
desesperadamente adequá-las a Jesus?
· Jesus não fala aqui de mandamentos, mas de mandamento (no
singular): qual é mesmo este único mandamento do Pai que se mostra em Jesus?
· O que significa para nós, que meditamos diariamente o Evangelho,
ouvir e guardar a Palavra de Jesus Cristo?
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