terça-feira, 23 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (329)

329 | Ano B | 4ª Semana da Páscoa | Quarta-feira | João 12,44-50

24/04/2024

Este episódio do evangelho está no contexto da festa da dedicação do templo de Embora apresentem cenas da vida de Jesus antes da morte e ressurreição, os evangelhos são totalmente pós-pascais, e precisam ser lidos nesta perspectiva. É isso que estamos fazendo desde o segundo domingo da Páscoa.  E o texto de hoje está situado no final da primeira parte do evangelho segundo João, imediatamente antes da narração da ceia e do lava-pés, cena com a qual inicia-se a narração da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

Sobre Jesus já pesava um decreto de morte, e ele estava plenamente consciente disso. É por isso que ele andava se escondendo, mas não se furtava de dizer aquilo para o qual o Pai o havia enviado. As palavras de hoje são as últimas que Jesus pronuncia diante de todos/as os/as ouvintes, pois doravante falará apenas com seus discípulos/as e com seus perseguidores. E é a terceira vez que Jesus fala alto, gritando (como em  Jo 7,28.37). Escutemos atentamente!

Em seu discurso, Jesus sublinha que suas ações e palavras são luz, amor solidário que conduz à vida. São um caminho diametralmente oposto às trevas, que são o egoísmo doentio, que produzem opressão e levam à morte. Quem o encontra é posto numa encruzilhada, e deve escolher entre luz e trevas. Nesta oposição nada metafísica e profundamente histórica, Jesus resume sua missão, como João já o fizera no primeiro capítulo do seu evangelho.

E o que Jesus faz e ensina não é aquilo que ele gosta ou acha oportuno, mas aquilo que o Pai pede que ele diga e faça. Ele não faz nada por si mesmo, e sente-se honrado em ser enviado, em cumprir a vontade do Pai. Ele dispensa qualquer protagonismo, pois basta-lhe a plena comunhão com o Pai no ensino e na ação. Para conhecermos Deus precisamos olhar para Jesus diz e faz, renunciando às ideias preconcebidas e aos conceitos abstratos.

Ele é caminho para a vida, e salva-nos suscitando em nós a capacidade de amar como ele ama. Por isso, este é “a” ação do Pai, especialmente no gesto de repartir o pão e lavar os pés dos seus discípulos. Quem escolhe outro caminho, prepara o próprio malogro e ruína, não chega a realizar-se como ser humano.

 

Meditação:

·    Olhando para o que Jesus faz, e escutando o que ele ensina, conseguimos ver e ouvir Deus Pai?

·    Ou permanecemos com ideias preconcebidas sobre Deus e procuramos desesperadamente adequá-las a Jesus?

·    Jesus não fala aqui de mandamentos, mas de mandamento (no singular): qual é mesmo este único mandamento do Pai que se mostra em Jesus?

·    O que significa para nós, que meditamos diariamente o Evangelho, ouvir e guardar a Palavra de Jesus Cristo?

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