quinta-feira, 18 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (324)

324 | Ano B | 3ª Semana da Páscoa | Sexta-feira | João 6,52-59

19/04/2024

Neste penúltimo trecho da “catequese” que Jesus após o sinal da multiplicação dos pães e dos peixes, a discussão se concentra na vulnerabilidade da condição humana de Jesus (sua “carne” e seu “sangue”). No centro da polêmica está a questão do caminho que assegura a vida plena: este caminho é a Lei (o ditado de Deus) ou a pessoa humana concreta e frágil de Jesus (o enviado do Pai)?

O judaísmo chamava “Lei” ao conjunto de valores e práticas (atitudes, mandamentos e proibições) que garantiam que uma pessoa fosse boa, ou seja, garantiam a salvação. É o que hoje chamamos de ideologia: conjunto de fins e meios, valores e práticas que nos torna “pessoas de bem”, diferentes e melhores que os outros. Hoje, são leis como “cada um pra si”; “quem pode mais chora menos”; “direitos humanos são para os humanos direitos”; e assim por diante.

Os líderes do judaísmo consideraram incompreensível e inaceitável que Jesus Cristo, em sua concretude e humana fragilidade (“carne e sangue”) pudesse ser o caminho para o bem-viver, para ser agradável a Deus. Para eles, não existia outro caminho senão o poder, a separação, a supremacia de uns sobre outros, a distância em relação àqueles “que não rezam pela cartilha deles”.

Jesus, por sua parte, insiste que não há caminho para a vida abundante que não passe pela assimilação daquela compaixão que o faz irmão e servidor da humanidade, especialmente das pessoas excluídas, a ponto de dar a própria vida. Isso fica claro na expressão “carne e sangue”, que Jesus repete quatro vezes. É na sua paixão e morte que ele dá seu corpo e sangue e se torna pão para a vida do mundo. Salva-se quem assimila sua humanidade.

Assim, Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai para dar vida ao mundo, o Filho do Homem que demonstra em sinais a compaixão de Deus especialmente pelas pessoas e grupos mais oprimidos e sofredores, assume e supera o Antigo Testamento, mostra que a Lei caducou. O amor incondicional de Jesus, assimilado por seus discípulos, é o que dá vida ao mundo. Quem come deste “pão”, viverá eternamente, e saciará a fome e a sede da humanidade.

 

Meditação:

·    Recomponha na memória este trecho da catequese pascal que Jesus desenvolve para a multidão que o procura

·    O que significa a insistência de Jesus, que fala quatro vezes em “comer” sua carne e “beber” seu sangue?

·    Será que não nos enganamos ainda hoje, pensando que o que nos salva é o “poder” de Jesus, e não sua compaixão e humanidade?

·    Em que apostamos “todas as nossas fichas”, porque cremos que somente isso nos dá vida e salvação?

·    O que significa viver “por causa de Jesus”, assim como ele viveu “por causa do Pai” que vive e o enviou?

Nenhum comentário: