314 | Ano B | 2ª Semana da Páscoa | Quarta-feira | João
3,16-21
10/04/2024
Estamos ainda com a cena e a catequese
que começamos a meditar na segunda-feira e prosseguimos no dia de ontem. Tendo
procurado Jesus à noite, momento preferido pelos judeus para estudar e acolher
a Palavra, Nicodemos ouviu da boca de Jesus que seu saber não servia para nada,
que, para ver o Reino de Deus, ele precisaria desaprender, nascer de novo.
Para um doutor da Lei, como é o caso de
Nicodemos, a palavra de Deus era substancialmente uma Lei que classifica e
separa, condenando uns e absolvendo outros. Por isso, eles esperavam a vinda de
um Messias que, com a Lei na mão, punisse aqueles/as que não conseguissem
cumpri-la, ou que a própria Lei excluía de toda e qualquer chance de dignidade
e de vida.
Continuando sua catequese a Nicodemos,
Jesus afirma, sem rodeios ou meias-palavras, que a relação de Deus e com o
mundo é uma relação de amor, e não de julgamento ou classificação. Deus envia
seu Filho, Jesus de Nazaré, para que as pessoas que o aceitam e aderem ao seu
caminho vivam mais plenamente. Ele não veio em vestes de juiz que julga e
condena, mas em vestes de servo e companheiro que dá a vida.
Jesus é como Luz que ilumina, e não
como Lei que discrimina. Ele nos ensina que a vontade de Deus é boa, e o é para
toda a humanidade e para as demais criaturas, sem discriminação. É no seu amor
sem medida que brilha o ser e o agir de Deus, e não na Lei, que coloca as
pessoas umas acima das outras, todas distantes, indiferentes ou competidoras entre
si.
Mas há gente que prefere outra luz e
outro saber, que não passam de idiotice violenta. Há quem chegue a afirmar que
a pandemia, que feriu de morte a tanta gente, teria sido vingança de Deus pelos
abusos morais dos brasileiros. Como seu Deus não amasse o mundo a ponto de dar
seu próprio Filho... O amor incondicional de Deus, manifestado em Jesus, é a
verdade, e a prática fiel desse amor é o que nos liberta e nos mantém no
caminho que leva à Luz. E essa luz nós a alcançamos amando-nos uns aos outros, e não armando-nos, como querem alguns violentos e assassinos.
Meditação:
· Leia atentamente, sem pressa, palavra por palavra, este episódio
e este diálogo tenso entre Nicodemos e Jesus
· Recite de
memória as palavras de Jesus: Deus amou tanto o mundo; para que o mundo seja
salvo; os homens preferiram as trevas à luz...
· O que significa concretamente esta afirmação: “Deus amou o
mundo” (e não apenas as pessoas, as almas)?
· E o que entendemos quando falamos “amor”: é substantivo (coisa)
ou é verbo (ação, relação)? Sentimento ou decisão?
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