319 | Ano B | 3ª Semana da Páscoa | Domingo | Lucas
24,35-48
14/04/2024
Esta cena está
literariamente situada após a cena do testemunho das mulheres e da comprovação,
por parte de Pedro, que a sepultura estava vazia; depois da manifestação de
Jesus aos dois discípulos na estrada e na partilha do pão; e, finalmente,
depois da aparição a Pedro. Apesar disso, a presença de Jesus os espanta, e
eles têm dificuldade de acreditar.
A ressurreição de Jesus não pode ser
vista apenas como uma espécie de prêmio que o Pai dá ao Filho obediente e
generoso. O que a Igreja afirma com a fé na ressurreição de Jesus é algo bem
mais sério que a simples ressurreição de um cadáver. O ressuscitado por Deus
não é alguém que morreu com idade avançada, rodeado de familiares e amigos ou
numa asséptica UTI hospitalar, mas aquele que resgatou a dignidade dos
excluídos e foi condenado injustamente por um conluio de autoridades.
Ressuscitando Jesus, Deus confirma a validade e a justeza da causa que atraiu a
ira e a morte.
Diante do espanto e da perturbação dos
discípulos com a sua presença inesperada, Jesus mostra a eles as chagas nas
mãos e nos pés, e pede que as toquem. Com isso, sublinha a continuidade do amor
que o levou a abraçar a cruz, a continuidade entre o profeta de Nazaré e o ressuscitado.
As feridas nas mãos e nos pés são o sinal eloquente de que Jesus é fiel, e se
tornou nosso advogado de defesa. Sua ressurreição não é fruto da imaginação dos
discípulos.
Na sua
manifestação aos discípulos, Jesus lhes abre a inteligência, para que
compreendam as escrituras. O que ele faz não é uma longa e completa catequese
bíblica e doutrinal, mas esclarece a imagem de Messias: seu caminho se desvia
do poder e da impassibilidade, passa pela aceitação do sofrimento solidário. E,
em seu nome, somos convocados/as anunciar a conversão e ao perdão dos pecados,
sem exclusões.
Não é possível
adentrar no sentido da ressurreição se não nos movemos num horizonte de
esperança, se não aceitamos a possibilidade de uma transformação profunda de
todas as coisas, uma mudança radical e integral, que já está em curso e que se
consumará somente quando Deus for tudo em todos.
Meditação:
§ Leia atentamente, palavra por palavra, gesto por gesto este
episódio situado depois manifestação de Jesus no caminho
§ Quais são as razões e as consequências da não aceitação da cruz
e da ressurreição como núcleo essencial da vida e missão de Jesus?
§ Qual é a perspectiva da nossa leitura das escrituras: buscamos
milagres e sinais do poder, ou de compaixão e misericórdia?
§ Como podemos testemunhar hoje que Jesus ressuscitou, que sua
vida foi validada por Deus, e seu sonho de vida continua vivo?
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