sábado, 13 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (319)

319 | Ano B | 3ª Semana da Páscoa | Domingo | Lucas 24,35-48

14/04/2024

Esta cena está literariamente situada após a cena do testemunho das mulheres e da comprovação, por parte de Pedro, que a sepultura estava vazia; depois da manifestação de Jesus aos dois discípulos na estrada e na partilha do pão; e, finalmente, depois da aparição a Pedro. Apesar disso, a presença de Jesus os espanta, e eles têm dificuldade de acreditar.

A ressurreição de Jesus não pode ser vista apenas como uma espécie de prêmio que o Pai dá ao Filho obediente e generoso. O que a Igreja afirma com a fé na ressurreição de Jesus é algo bem mais sério que a simples ressurreição de um cadáver. O ressuscitado por Deus não é alguém que morreu com idade avançada, rodeado de familiares e amigos ou numa asséptica UTI hospitalar, mas aquele que resgatou a dignidade dos excluídos e foi condenado injustamente por um conluio de autoridades. Ressuscitando Jesus, Deus confirma a validade e a justeza da causa que atraiu a ira e a morte.

Diante do espanto e da perturbação dos discípulos com a sua presença inesperada, Jesus mostra a eles as chagas nas mãos e nos pés, e pede que as toquem. Com isso, sublinha a continuidade do amor que o levou a abraçar a cruz, a continuidade entre o profeta de Nazaré e o ressuscitado. As feridas nas mãos e nos pés são o sinal eloquente de que Jesus é fiel, e se tornou nosso advogado de defesa. Sua ressurreição não é fruto da imaginação dos discípulos.   

Na sua manifestação aos discípulos, Jesus lhes abre a inteligência, para que compreendam as escrituras. O que ele faz não é uma longa e completa catequese bíblica e doutrinal, mas esclarece a imagem de Messias: seu caminho se desvia do poder e da impassibilidade, passa pela aceitação do sofrimento solidário. E, em seu nome, somos convocados/as anunciar a conversão e ao perdão dos pecados, sem exclusões.

Não é possível adentrar no sentido da ressurreição se não nos movemos num horizonte de esperança, se não aceitamos a possibilidade de uma transformação profunda de todas as coisas, uma mudança radical e integral, que já está em curso e que se consumará somente quando Deus for tudo em todos.

 

Meditação:

§  Leia atentamente, palavra por palavra, gesto por gesto este episódio situado depois manifestação de Jesus no caminho

§  Quais são as razões e as consequências da não aceitação da cruz e da ressurreição como núcleo essencial da vida e missão de Jesus?

§  Qual é a perspectiva da nossa leitura das escrituras: buscamos milagres e sinais do poder, ou de compaixão e misericórdia?

§  Como podemos testemunhar hoje que Jesus ressuscitou, que sua vida foi validada por Deus, e seu sonho de vida continua vivo?

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