Ano A | 15ª Semana Comum | Segunda-feira | Mateus
10,34-11,1
(17/07/2023)
O final da catequese missionária de Jesus segundo o
evangelho de Mateus é surpreendente e, para alguns, pode inclusive soar como
estranho. Ele, cujo nascimento foi celebrado como paz na terra, que disse que
são felizes os fazedores de paz, que pediu que seus enviados/as saudassem a
todos desejando a paz, diz agora que não veio trazer a paz, mas a espada e a
divisão, inclusive a divisão no interior da família. O que aconteceu com Jesus
e como podemos interpretar esse ensino de forma coerente com o restante do
Evangelho?
De fato, o que provoca divisão não é uma vontade
deliberada nossa ou de Jesus, mas a novidade do Reino de Deus. O que Jesus quer
é que o Reino de Deus ganhe espaço e força, revolucionando as relações humanas,
sociais, políticas e econômicas. E, diante disso, ninguém pode ficar
indiferente. O projeto do Reino de Deus e a lógica predominante na sociedade,
segundo a qual “quem pode mais chora menos”, se opõem radicalmente. O Reino de
Deus é como uma espada que divide e pede uma lealdade sem meias palavras.
A lealdade a Jesus e aos valores do Reino de Deus
devem estar inclusive sempre acima dos valores da família, especialmente da
família patriarcal, por mais que haja, também hoje, quem deseje mantê-la e
promove-la em nome da civilização cristã. Amar mais a Jesus que aos familiares
significa colocar ele e o Reino de Deus, a fraternidade sem fronteiras, acima
de todos os outros valores e vínculos e lealdades. Neste sentido, Jesus é uma
espada que divide!
É na adesão ao Reino de Deus que encontramos felicidade
e vida abundante. A acomodação e as alianças com o “cada um para si” conduzem à
frustração. Tomar a cruz e seguir Jesus significa aceitar a humilhação e a
rejeição, mas não necessariamente o sofrimento. Implica em subverter a ordem,
em permanecer leal a Jesus, vivendo e testemunhando a vida nova do Reino, até
ao martírio.
Se isso tudo nos parece estranho e nos assusta,
como assustou aos discípulos/as daquele tempo, Jesus nos consola: ele e o Pai
estarão presentes nos seus discípulos/as, e quem recebe seus discípulos/as,
recebe a ele. Nenhum gesto de hospitalidade e solidariedade, por menor que
seja, cairá no vazio. Eis o modo de ganhar a vida, de não perder o dom que
recebemos.
Meditação:
· Sublinhe
ou se detenha na frase ou afirmação de Jesus que lhe parece mais estranha,
paradoxal ou surpreendente
· Procure
confrontar essa palavra com a vida e missão de Jesus, especialmente sua entrega
na cruz
· Que
rupturas a lealdade a Jesus e ao Reino de Deus, professada solenemente no
batismo, lhe pede hoje?
· Repita
os versículos que falam da acolhida aos discípulos/as, e deixe que estas
palavras reverberem em sua mente e seu coração
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