Ano A | 15ª
Semana Comum | Domingo | Mateus 13,1-23
(16/07/2023)
Como sabemos, a compreensão das parábolas engaja os
ouvintes, provoca uma tomada de posição. Jesus apresentou à multidão a parábola
do semeador, ao que parece, originalmente focalizada no personagem que faz a
semeadura. Era uma ilustração da própria missão de Jesus. Jesus é quem espalha
a semente do Reino de Deus, de mão aberta, e sem excluir nenhum tipo de
terreno. Posteriormente, a interpretação da parábola passa a depender tanto do
contexto literário original como do contexto existencial, social e eclesial do
leitor.
No texto de hoje, o evangelho de Mateus nos
apresenta, na sequência da parábola, também uma das suas possíveis interpretações. Essa releitura é feita no
contexto da rejeição do Evangelho do Reino de Deus experimentada pela Igreja
nascente. Por isso, o foco se desloca do semeador para o destino das sementes,
para a qualidade do terreno que recebe a semeadura, vale dizer, do
evangelizador para a atitude dos ouvintes do Evangelho do Reino.
Um primeiro grupo de ouvintes é aquele dos que
ouvem o anúncio do Reino sem se envolver e entender, e a novidade desaparece
sem sequer ter germinado. Um segundo grupo de interlocutores recebe o anúncio
do Reino com alegria, intuiu seu valor, mas não o aprofunda, não reflete, fica
na superficialidade, e, diante da perseguição, tropeça, definha e abandona o
seguimento de Jesus. Há um terceiro grupo que acolhe e compreende o Reino de
Deus, mas é a ambição e não Deus quem comanda suas decisões, de modo que o
reino de Deus acaba asfixiado.
Na explicação que Jesus dá do dinamismo do Reino
expresso na parábola, Jesus é muito realista, e constata que ¾ (ou 75%!) dos
seus interlocutores não compreendem adequadamente e, consequentemente, não
aderem à novidade do reino de Deus. Mas Jesus se alegra com a adesão dos 25%,
da quarta parte, que é composta pelos pequenos e humildes que compreendem,
assimilam e se comprometem, e se fazem seus discípulos/as. Ele sabe se alegrar
com o pouco!
Estes últimos são os/as discípulos/as
missionários/as que dão uma resposta generosa e fecunda de 100, 60 e 30 por 1!
É verdade que três sobre quatro ouvintes desistem e fracassam no caminho, mas,
por causa de apenas um, a semeadura do Reino não fracassará! Por isso, importa
tanto semear sempre como ser terreno bom, que acolhe a semente e dá o melhor
para que os frutos sejam abundantes e bons.
Meditação:
· Como
você tem escutado e acolhido a Boa Nova do Reino de Deus nestes tempos de
mudanças profundas, de transição e de crise?
· A Palavra de Deus ressoa mais vivamente em você, provoca eco, germina, produz frutos? Quais?
O que ainda impede que você seja terreno bom, no qual a semente da Palavra produz cem, sessenta ou trinta por um?
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