Ano A | 16ª
Semana Comum | Quinta-feira | Mateus 13,10-17
(27/07/2023)
Uma leitura atenta dos capítulos 4 a 12 do
evangelho de Mateus deixa bastante claro que o anúncio do Reino de Deus e as
ações que Jesus faz para demonstrá-lo presente no meio do povo encontra muita
incredulidade, rejeição e hostilidade. Daí a insistência de Jesus na escuta, na
compreensão, na conversão e na prática que correspondem ao Evangelho.
Ao povo em geral, incluindo as elites dirigentes do
judaísmo, Jesus prefere anunciar o mistério do Reino de Deus através de
parábolas. É um recurso de comunicação sapiencial e popular, que fala do Reino
de Deus a partir de imagens e comparações tiradas da experiência comum e
cotidiana, e exige o engajamento do ouvinte na interpretação. Aos discípulos,
mais sintonizados com ele e inseridos no processo de formação, Jesus fala mais
objetiva e incisiva.
A parábola do semeador ilustra as diversas reações
frente ao anúncio do Reino de Deus. Jesus é muito realista, e parte da
constatação de que 3/4 (ou 75%) dos seus interlocutores não compreendem
adequadamente e não aderem à novidade do reino de Deus. Ver e ouvir significa
discernir, compreender e aderir. E isso implica em converter-se, mudar o modo
de pensar e de agir. A responsabilidade recai sempre sobre a decisão do
ouvinte.
Jesus não analisa as causas que concorrem para
isso, mas acena para várias delas. Em geral, elas convergem na insensibilidade
e a má vontade para assumir um processo de mudança que pode ser exigente. Por
isso, muitos grupos e pessoas, especialmente as elites religiosas, olham sem
ver (os sinais de Jesus e a opressão que recai sobre o povo) e ouvem (a
pregação de Jesus) sem realmente escutar.
Entretanto, Jesus não fica refém das lamentações e
acusações. Ele se alegra com a adesão dos pequenos e humildes que se fazem seus
discípulos/as. Não são muitos, mas são semente, sal e luz. Tornando-se
discípulos e entrando na escola itinerante de Jesus, eles são a confirmação da
vontade de Deus, e se juntam à grande caravana dos profetas e justos do Antigo
Testamento. Por isso, podem e devem participar da alegria de Jesus!
Meditação:
· Procure
inserir-se na cena relatada pelo evangelista e interagir com os discípulos e
com Jesus
· Deixe
ressoar em sua mente e em seu coração o elogio de Jesus aos discípulo/as: “Eu
lhes garanto: muitos justos e profetas desejaram ver o que vocês estão vendo,
mas não viram; desejaram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não ouviram!”
· Não
corremos também nós, como fiéis e como Igreja, o risco de olhar sem ver, de
ouvir sem escutar, ou seja: de adaptar o Evangelho de Jesus aos nossos
interesses e medos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário