Ano A | 14ª
Semana Comum | Terça-feira | Mateus 9,32-38
(11/07/2023)
Ontem contemplamos a bela cena da cura de uma
mulher que sofria de hemorragia, e de uma menina que foi “levantada” depois de
ser prostrada pela morte precoce. O evangelho de Mateus registra que a notícia
foi se espalhando, e assim chegou até nós. Na meditação, perguntávamos também
se cremos, como a mulher e o pai da menina, que o toque de Jesus pode nos curar
e levantar. No evangelho de hoje, Jesus cura um surdo-mudo, e continua sua
peregrinação pelo santuário das dores humanas, anunciando o Reino de Deus,
ensinando como acolhê-lo e curando enfermos.
Jesus sempre é tocado pelo sofrimento humano, mas
não fica no simples sentimento. Diante de um povo abandonado à própria sorte
pelas autoridades religiosas e políticas, de um povo que é descrito como
cansado e abatido, espoliado e abandonado, Jesus é tomado de profunda compaixão
e toma iniciativas para mudar a situação e devolver a cidadania às pessoas e
grupos. A compaixão, essa capacidade de se importar profundamente com a dor dos
outros, é o segredo e o motor da sua missão.
O surdo-mudo da cena de hoje é mais um exemplo vivo
desse povo marginalizado e dependente. Sob a pressão do exército romano e das
múltiplas carências que o encarceravam, o povo não consegue nem levantar seu
próprio lamento nem gritar seu protesto. A ação de Jesus livra as pessoas desse
tormento, a multidão se admira, mas os fariseus investem contra Jesus, acusando
de agir em nome do demônio. Porém nada impede que Jesus continue sua missão de
compaixão, anunciando a Boa Notícia de Deus, ensinando e curando.
O que
ocorre é que Jesus percebe claramente que sua missão ultrapassa suas
possibilidades. Ele sabe que não dará conta de fazer tudo sozinho. Ele precisa
contar com muito mais gente nesse ministério da compaixão, que vence a
indiferença e reconstrói a vida de um povo dilacerado. Diante da exiguidade de
recursos e da pequenez da comunidade frente à extensão da missão, Jesus não
desiste nem se desespera: chama-nos, envia-nos, e pede que rezemos, e busquemos
mais colaboradores/as. É claro que não se trata mais de esperar passivamente por
ele, clamando “só Jesus na causa!”
Meditação:
· Acompanhe
cada palavra e cada gesto ou ação desta cena, observando bem a atitude dos
diversos personagens
· O
segredo da vida e o motor da missão de Jesus é a compaixão, seu envolvimento
visceral com as pessoas que sofrem
· O
que esta cena e estas palavras de Jesus nos ensinam sobre a missão da Igreja e
nossa nos dias de hoje?
· Como
você, e as lideranças da sua comunidade, reagem às críticas ou acusações frente
às iniciativas de evangelização e solidariedade?
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