quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O Evangelho dominical - 18.11.2018


NINGUÉM SABE O DIA

Um melhor conhecimento da linguagem apocalíptica, construído de imagens e recursos simbólicos para falar do fim do mundo, permite-nos hoje escutar a mensagem de esperança de Jesus sem cair na tentação de semear angustia e terror nas consciências.
Um dia, a história apaixonante do ser humano sobre a terra chegará ao seu final. Esta é a convicção firme de Jesus. Esta é também a previsão da ciência atual. O mundo não é eterno. Esta vida terminará. Que vai ser das nossas lutas e trabalhos, dos nossos esforços e aspirações?
Jesus fala com sobriedade. Não quer alimentar nenhuma curiosidade mórbida. Corta pela raiz qualquer tentativa de especular com cálculos, datas ou prazos. “Ninguém sabe o dia ou a hora..., só o Pai”. Nada de psicoses ante o final. O mundo está em boas mãos. Não caminhamos para o caos. Podemos confiar em Deus, nosso Criador e Pai.
A partir desta confiança total, Jesus expõem a Sua esperança: a criação atual terminará, mas será para deixar passagem a uma nova criação, que terá por centro a Cristo ressuscitado. É possível acreditar em algo tão grandioso? Podemos falar assim antes ter ocorrido algo?
Jesus recorre a imagens que todos podem entender. Um dia o sol e a lua que hoje iluminam a terra e tornam possível a vida irão apagar-se. O mundo ficará às escuras. Irá apagar-se também a história da humanidade? Terminarão assim as nossas esperanças?
Segundo a versão de Marcos, no meio dessa noite poderá ser visto o “Filho do homem”, ou seja, a Cristo ressuscitado, que virá “com grande poder e glória”. A Sua luz salvadora iluminará tudo. Ele será o centro de um mundo novo, o princípio de uma humanidade renovada para sempre.
Jesus sabe que não é fácil acreditar nas Suas palavras. Como pode provar que as coisas acontecerão assim? Com uma simplicidade surpreendente convida a viver esta vida como uma primavera. Todos conhecem a experiência: a vida que parecia morta durante o inverno começa a despertar; nas ramas da figueira brotam de novo pequenas folhas. Todos sabem que o verão está próximo.
Esta vida que agora conhecemos é como a primavera. Todavia não é possível colher. Não podemos obter realizações definitivas. Mas há pequenos sinais de que a vida está em gestação. Os nossos esforços por um mundo melhor não se perderão. Ninguém sabe o dia, mas Jesus virá. Com a sua vinda irá revelar-se o mistério último da realidade, que os crentes chamamos Deus. A nossa história apaixonante chegará à sua plenitude.
José Antônio Pagola
Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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