334 | Ano B | 5ª Semana da Páscoa | Segunda-feira |
João 14,21-26
29/04/2024
Saltando alguns versículos que
prosseguem o trecho meditado no último sábado, os quais apresentam a promessa
de Jesus de enviar aos seus discípulos/as um “outro Advogado”, o “Espírito da
Verdade”, este trecho afirma a presença de Deus nas relações fraternas,
solidárias e servidoras dos seus discípulos e discípulas. Não somos apenas nós
que podemos morar na casa de Deus; ele mesmo pode estabelecer em nós sua
morada.
Esta é a primeira vez que Jesus fala do
amor dos discípulos a ele. Até este momento, ele falara apenas da necessidade
de amar os irmãos e irmãs, e de estar disponível às necessidades do povo. Nesta
perspectiva, crer em Jesus significa aderir amorosamente a ele, comportar-se
como ele, compartilhar seus sonhos, seus pensamentos e suas atitudes. Mas o
amor a ele se encarna e se mostra necessariamente no amor aos irmãos e irmãs,
no amor que nos torna irmãos, porque não é mero sentimento. A ação em benefício
dos outros é a única forma de concretizar o amor.
Este amor só é chamado de mandamento porque
é norma de vida, e fundamenta e substitui todos os demais códigos de leis. No
evangelho de João, Jesus jamais cita ou enumera os dez mandamentos, pois
entende que só existe um mandamento. O amor fraterno e concreto é a chave que
abre a porta para que o Pai e o Filho façam em nós sua morada. Sendo o que
“acomuna” o Pai e o Filho, o Espírito Santo de Amor é também o que une os
discípulos entre si, a Jesus e ao Pai. Enquanto algo a ser proclamado, esse
amor recebe o nome de mensagem; enquanto norma de vida, é chamado de mandamento;
enquanto dinamismo de Deus em nós, é apresentado como Espírito Santo.
Jesus
adverte seus discípulos e discípulas sobre o fato de que amá-lo significa
guardar sua Palavra, ou sua ordem, de amarmo-nos como ele nos amou, implica em comportar-se
como ele em relação a tudo e todos/as. Sendo a essência do Espírito de Deus, o
amor transforma a comunidade cristã e os milhões de discípulos/as anônimos/as
em infinitas vivendas mediante as quais Deus se faz presente no mundo. Não o
adoramos em santuários ou templos, mas em espírito e verdade, mediante atitudes
e ações muito concretas.
Meditação:
· Recomponha na memória as palavras que Jesus dirige aos
discípulos, depois da ceia e prestes a ser preso e crucificado
· Situe-se junto com os discípulos, perturbados com o gesto
extremo de fraternidade de Jesus expresso no lava-pés, com o anúncio da sua
morte e com a previsão de que seria traído por um dos seus discípulos mais
íntimos
· Será que na voz de Judas se expressa a ideologia, ainda muito
presente em nós, que espera de Jesus manifestações gloriosas e espetaculares,
jamais a manifestação íntima e discreta aos discípulos e na cruz?