sexta-feira, 28 de abril de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 30.04.2023

 ESCUTAR A VOZ DE JESUS

Em setores e grupos da Igreja, insiste-se mais do que nunca na necessidade de um magistério eclesiástico forte para dirigir os fiéis no meio da atual crise. Estes apelos não conseguem, no entanto, travar a sua crescente desvalorização entre amplos sectores de cristãos.

Na verdade, não poucas intervenções dos bispos provocam reações contraditórias. Alguns elogiam-nas fervorosamente, outros criticam-nas duramente, e a maioria esquece-as em poucos dias. Enquanto isso, o Evangelho recorda algumas palavras de Jesus que nos interpelam a todos: «As ovelhas seguem o pastor porque conhecem a sua Voz».

A primeira e decisiva coisa também hoje é que, na Igreja, os crentes escutemos «A Voz» de Jesus Cristo em toda a sua originalidade e pureza, não o peso das tradições nem a novidade das modas, não as preocupações dos personagens eclesiásticos nem os gostos dos teólogos, não os nossos interesses, medos ou acomodações.

Isto exige de nós não confundirmos a voz de Jesus Cristo com qualquer palavra que se pronuncia na Igreja. Não devemos assumir que em todas as intervenções dos bispos, em toda a pregação dos sacerdotes, em todo a escrita dos teólogos ou em todas as exposições dos catequistas, se estamos ouvindo fielmente e unicamente a voz de Jesus.

Existe sempre o risco de enchermos a Igreja de escritos e cartas pastorais, de documentos e livros de teologia, de catequeses e pregações, substituindo com o ruído de nossas palavras a Voz inconfundível de Jesus, o nosso único Mestre. O bispo santo Agostinho recordava-o frequentemente: «Temos um só mestre. E, sob ele, somos todos condiscípulos. Não nos tornamos mestres pelo fato de falarmos do púlpito. O verdadeiro Mestre fala de dentro».

Devemos perguntar-nos se a palavra que se escuta na Igreja provém da Galileia e nasce do Espírito do Ressuscitado. Isto é o decisivo, pois o magistério, a pregação ou a teologia devem ser um convite para que todos e cada um dos crentes escutemos de forma fiel e inequívoca a voz de Cristo. Só quando aprendemos algo do próprio Jesus é que nos tornamos seus seguidores.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

sexta-feira, 21 de abril de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 23.04.2023

NÃO FUGIR PARA EMAÚS

Não são poucos os que hoje olham para a Igreja com pessimismo e desencanto. Não é a igreja que eles desejariam: uma Igreja viva e dinâmica, fiel a Jesus Cristo, verdadeiramente comprometida em construir uma sociedade mais humana.

Muita gente vê a Igreja como imóvel e desfasada, excessivamente ocupada em defender uma moral obsoleta que já interessa a poucos, fazendo penosos esforços para recuperar uma credibilidade que parece encontrar-se abaixo do mínimo. Veem a igreja como uma instituição que está aí quase sempre para acusar e condenar, poucas vezes para ajudar e infundir esperança no coração humano. Sentem-na com frequência triste e aborrecida, e de alguma forma intuem – como o escritor francês Georges Bernanos – que um povo triste é o oposto de um povo cristão.

A tentação fácil é o abandono e a fuga. Alguns, faz tempo que o fizeram, inclusive de forma ruidosa: hoje afirmam quase com orgulho acreditar em Deus, mas não na Igreja. Outros vão se distanciando pouco a pouco, na ponta dos pés e sem fazer barulho: sem dizer as razões a quase ninguém, vão se retirando porque foi se apagando o afeto e a adesão de outros tempos.

Certamente seria um erro alimentar nestes momentos um otimismo ingênuo, pensando que virão melhores tempos. Ainda mais grave seria fechar os olhos e ignorar a mediocridade e o pecado da Igreja. Mas o nosso maior pecado seria «fugir para Emaús», abandonar a comunidade e dispersar-nos cada pelos nossos caminhos particulares, afundados em decepção e desencanto.

Temos que aprender a «lição de Emaús». A solução não está em abandonar a Igreja, mas em refazer a nossa vinculação com algum grupo cristão, comunidade, movimento ou paróquia onde possamos compartilhar e reavivar a nossa esperança em Jesus.

Onde homens e mulheres caminham perguntando-se por ele e afogando-se na sua mensagem, aí se faz presente o Ressuscitado. Provavelmente um dia, ao escutar o Evangelho, sintam de novo «arder o seu coração». Onde uns crentes se encontram para celebrar juntos a Eucaristia, lá está o Ressuscitado alimentando as suas vidas. Com certeza, um dia «se abrirão os seus olhos» e o verão.

Por mais morta que possa aparecer diante dos nossos olhos, nesta Igreja habita o Ressuscitado. Por isso também aqui fazem sentido os versos de Antônio Machado: “Pensei que a minha casa estava apagada, revolvi as cinzas... queimei a mão”.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

quinta-feira, 13 de abril de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 16.04.2023

 ABERTOS AO ESPÍRITO

Não falam muito. Não se fazem notar. A sua presença é modesta e silenciosa, mas são “sal da terra”. Enquanto houver no mundo mulheres e homens atentos ao Espírito de Deus, será possível continuar à espera. Eles são o melhor presente para uma Igreja ameaçada pela mediocridade espiritual.

A sua influência não vem do que fazem ou do que falam ou escrevem, mas de uma realidade mais profunda. Estão retirados em mosteiros ou escondidos no meio das pessoas comuns. Não se destacam pela sua atividade e, no entanto, irradiam energia interior onde quer que estejam.

Não vivem de aparências. A sua vida nasce do mais fundo do seu ser. Vivem em harmonia consigo mesmos, atentos a fazer coincidir sua existência com a força do Espírito que os habita. Sem que eles mesmos percebam, são na terra reflexo do Mistério de Deus.

Têm defeitos e limitações. Não estão imunizados contra o pecado. Mas não se deixam absorver pelos problemas e conflitos da vida. Mergulham uma e outra vez no fundo do próprio ser. Esforçam-se para viver na presença de Deus. Ele é o centro e a fonte que unifica os seus desejos, palavras e decisões.

Basta entrar em contato com essas pessoas para tomar consciência da dispersão e agitação que há dentro de nós. Junto deles é fácil perceber a falta de unidade interior, o vazio e superficialidade das nossas vidas. Eles fazem-nos intuir dimensões que desconhecemos.

Estes homens e mulheres abertos ao Espírito são fonte de luz e de vida. A sua influência é oculta e misteriosa. Estabelecem com os outros uma relação que nasce de Deus. Vivem em comunhão com pessoas que nunca viram. Amam com ternura e compaixão pessoas que não conhecem. Deus os faz viver em profunda união com toda a criação.

No meio de uma sociedade materialista e superficial, que tanto desqualifica e maltrata os valores do espírito, quero recordar estes “homens e mulheres espirituais”. Eles lembram-nos a maior Saudade do coração humano e a Fonte última na qual o ser humano pode saciar toda a sede.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

sábado, 8 de abril de 2023

Roteiro de Leitura Orante do Evangelho Nº 1083

Ano A Roteiro de Leitura Orante do Evangelho Nº 1083

Dia 09/04/2023 | Domingo da Páscoa do Senhor

Evangelho segundo João (20,1-9)

(1) Coloque-se em atitude de oração  

§ Escolha um momento adequado e tranquilo/a para a meditação

§ Escolha o lugar no qual você não seja interrompido/a

§ Busque uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se

§ Acenda uma vela e tome a bíblia em suas mãos

§ Tome consciência de si mesmo/a e do tempo que vivemos

§ Faça silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus

§ Prepare-se cantando o Salmo 117: Este é o dia que o Senhor fez para nós; alegremo-nos e nele exultemos...(Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=7sFZ_4fZJOE)

 

(2) Leia o texto da Palavra de Deus

§ Leia com toda a atenção o texto de João 20,1-9

§ Leia o texto em voz alta (se achar necessário e for possível)

§ Esta narração da ressurreição de Jesus é a primeira de uma série de cinco que encontramos unicamente no evangelho segundo João

§ Maria Madalena, inconformada com o cruel destino de Jesus, vai à sua sepultura para prantear o Amigo e Mestre

§ O sepulcro aberto é um sinal de alerta, de algo inesperado, e ela busca Pedro e o Amigo para testemunhar e interpretar o fato

§ Eles comprovam que o sepulcro está aberto e vazio, e se parece com um leito nupcial, no qual uma aliança foi ratificada

§ O discípulo Amigo vê e dá crédito (acredita) à vida, à missão e à ressurreição de Jesus

§ O que a Palavra de O que a Palavra O que a Palavra de Deus diz em si mesma, o que está escrito?

 

(3) Medite a Palavra de Deus

§ Procure perceber o que a Palavra de Deus lida e meditada diz a você hoje, qual é seu sentido nesse momento da vida?

§ Leia atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por gesto, esta cena inusitada e com final aberto

§ Observe a teimosa inconformidade de Maria Madalena, suas buscas, suas intuições, mas também sua dependência do passado

§ Esta cena deixa o desfecho em aberto, como que convidando-nos a assumir o protagonismo e dar-lhe um final adequado

§ Acreditaremos num fato ocorrido apenas no passado, ou daremos crédito à vida e à proposta de Jesus, fazendo-a nossa?

§ O que a ressurreição de Jesus significa para as famílias enlutadas por mais de 700 mil mortes pelo Covid-19, as vítimas da violência nas escolas e nas guerras e as pessoas sem alimentação segura?

§ Se achar oportuno e for possível, leia as “pistas” (página 3)

 

(4) Reze com o texto lido e meditado

§ Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus

§ Depois de escutar atentamente, agora é sua vez de falar

§ Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus

§ Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta

§ Não se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas

§ Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus

 

(5) Contemple a vida à luz da Palavra

§ Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus

§ Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe fala

§ Perceba o que você precisa mudar a partir dessa meditação

§ Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?

§ O que devemos mudar a partir da convicção de que a vida de Jesus não termina em fracasso, mas que caminha à nossa frente?

 

(6) Retorne à vida cotidiana

§ Recite o Pai Nosso e a Ave Maria

§ Recite a invocação: “Jesus, que mandas dar alimento a quem tem fome, fazei-nos compassivos com eles, em teu nome!”

§ Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança

§ Medite e reze com canção pascal “Aleluia”, de Handel (Acessível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=M-7KdocrTLc)

§ Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança

§ Feche a bíblia, apague a vela e encerre seu momento de oração

Anotações sobre Mateus 20,1-9

Segundo João, a primeira manifestação da ressurreição acontece na visita de Madalena à sepultura. Vendo a pedra afastada, Maria vai avisar os discípulos. O amigo de Jesus é o primeiro a chegar. Vê a sepultura vazia e as vestes, mas não entra. Pedro chega depois, entra na sepultura e vê o sudário dobrado, em separado, “à parte”.

A tumba vazia não é o único fundamento da fé na ressurreição, mas é um sinal importante. O discípulo amado conhecia bem a liturgia do templo, daí sua resistência a entrar diretamente na sepultura. Para ele, os panos enrolados e colocados no “lugar” à parte são a Palavra que se fez carne em Jesus de Nazaré, que substitui o Templo.

Mas a tumba vazia é um indicativo insuficiente para despertar e sustentar a fé na ressurreição de Jesus. Sua base é o anúncio da Igreja e a experiência pessoal que o/a discípulo/a fazemos do encontro com Jesus ressuscitado. Mais adiante, Maria Madalena chora diante da sepultura e “se inclina” para olhar. Vê anjos que a interrogam sobre sua dor. Vê Jesus sem reconhecê-lo, senão quando a chama pelo nome. Crer em Jesus ressuscitado é mais que constatar que a sepultura está vazia, é encontrá-lo pessoalmente.

Depois de tê-lo desejado, buscado, conhecido e amado em vida, Maria precisa se inclinar para dentro de si mesma, na profundidade do seu desejo, para reconhecê-lo e amá-lo sem retê-lo. É ao voltarmo-nos para nossa interioridade que encontraremos o ressuscitado que nos ama, chama e envia. Sem isso, tudo continua escuro em pleno dia.

O texto termina com reticências, como que convocando-nos a entrar na cena como protagonistas, e a darmos um final adequado àquela manhã misteriosa. Tanto Pedro como o discípulo amado volta para casa. O que isso significa? Entenderam ou não o que aconteceu? Se acreditaram nas palavras de Jesus, porque não anunciaram adiante?

E nós, acreditaremos e viveremos em seu nome? Estaremos dispostos a ser semente que, caindo na terra e morrendo, não fica só, e se multiplica incrivelmente? É isso que queremos e decidimos? Compartilharemos essa boa notícia a toda a humanidade?

 (Itacir Brassiani msf)

 

“Dai-lhes vós mesmos de comer!”

“É impossível falar sobre alimentação saudável sem considerar a questão dos agrotóxicos. Combater a fome é construir uma saúde humana e ambiental. O Brasil é o campeão mundial no uso de defensivos agrícolas, é o principal destino de agrotóxicos barrados no exterior. Nós não temos mais pragas que os demais países, embora nossas sementes sejam selecionadas de modo a depender muito de pesticidas. Mas por usarmos muito agrotóxico há muito tempo, nossas pragas ficaram e vão ficando cada vez mais resistentes (Bispos do Brasil, Texto-base da Campanha da Fraternidade 2023, § 88).

 

Leitura Orante do Evangelho

A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício para iluminar e para fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade.

O Papa Bento XVI diz que “ouvir juntos a Palavra de Deus, praticar a Lectio Divina, deixar-se surpreender pela novidade do Evangelho, superar a surdez àquilo que não está de acordo com nossas opiniões ou preconceitos, é um caminho para alcançar a unidade da fé, como resposta à escuta da Palavra”.

Os textos propostos aqui são aqueles indicados pela Igreja para a liturgia diária. Pessoas e grupos que desejarem, podem escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, seja preparado um roteiro e se evite escolher apenas os textos que agradam mais.

Que a Palavra de Deus encontre em cada um/a de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente difíceis, produza bons e abundantes frutos para a vida do mundo.

Missionários da Sagrada Família

www.msfamericalatina.org | Passo Fundo/RS

(http://itacir-brassiani.blogspot.com/)

O Evangelho dominical (Pagola) - 09.04.2023

DEUS TEM A ÚLTIMA PALAVRA

A ressurreição de Jesus não é apenas uma celebração litúrgica. É, antes de tudo, a manifestação do poderoso amor de Deus, que nos salva da morte e do pecado. É possível sentir hoje a sua força vital?

A primeira coisa que precisamos fazer é tomar consciência de que a vida é habitada por um Mistério acolhedor ao qual Jesus chama «Pai». No mundo há tal excesso de sofrimento que a vida nos pode parecer caótica e absurda. Mas não é assim. Embora por vezes não seja fácil experimentá-la, a nossa existência é sustentada e dirigida por Deus em direção a uma plenitude final.

Temos de começar a viver isto desde o nosso próprio ser: eu sou amado por Deus; espera-me uma plenitude sem fim. Em nossa vida há tantas frustrações, amamo-nos às vezes tão pouco, desprezamo-nos tanto, que afogamos em nós a alegria de viver. Deus ressuscitador pode despertar de novo a nossa confiança e alegria.

Não é a morte que tem a última palavra, mas sim Deus. Há tanta morte injusta, tanta doença dolorosa, tanta vida sem sentido, que poderíamos afundar-nos no desespero. A ressurreição de Jesus lembra-nos que Deus existe e salva. Ele nos fará conhecer a vida plena que aqui não conhecemos.

Celebrar a ressurreição de Jesus é abrirmo-nos à energia vivificadora de Deus. O verdadeiro inimigo da vida não é o sofrimento, mas a tristeza. Falta-nos paixão pela vida e compaixão pelos que sofrem. E temos muita apatia e hedonismo barato que nos fazem viver sem desfrutar o melhor da existência: o amor. A ressurreição pode ser fonte e estímulo de uma nova vida.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Roteiro de Leitura Orante do Evangelho Nº 1082

Ano A Roteiro de Leitura Orante do Evangelho Nº 1082

Dia 08/04/2023 | Semana Santa | Sábado

Evangelho segundo Mateus (28,1-10)

(1)Coloque-se em atitude de oração  

§  Escolha um momento adequado e tranquilo/a para a meditação

§  Escolha o lugar no qual você não seja interrompido/a

§  Busque uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se

§  Acenda uma vela e tome a bíblia em suas mãos

§  Tome consciência de si mesmo/a e do tempo que vivemos

§  Faça silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus

§  Prepare-se cantando o Salmo 117 (pascal): Este é o dia que o Senhor fez para nós!(Aqui: https://www.youtube.com/watch?v=7sFZ_4fZJOE)

 

(2)Leia o texto da Palavra de Deus

§  Leia com toda a atenção o texto de Mateus 28,1-10

§  Leia o texto em voz alta (se achar necessário e for possível)

§  Jesus foi crucificado fora dos muros da cidade, no território dos desprotegidos, e foi visto agonizante por muita gente

§  Paradoxalmente, a ressurreição ocorre no silêncio da noite, sem praticamente ninguém que pudesse ver com os próprios olhos

§  A realidade e o significado deste acontecimento absolutamente fundamental para a fé cristã só pode ser captado lentamente

§  Somente quem rompe com o medo e a passividade, e ousa sair ainda no escuro, pode intuir o que está acontecendo

§  Mas para ser dinamizado pela força da ressurreição de Jesus, é preciso “voltar à Galileia”, reiniciar o seguimento de Jesus

§  O que a Palavra O que a Palavra de Deus diz em si mesma, o que está escrito?

 

(3)Medite a Palavra de Deus

§  Procure perceber o que a Palavra de Deus lida e meditada diz a você hoje, qual é seu sentido nesse momento da vida?

§  Releia o texto com calma, prestando atenção aos personagens, ao que eles fazem e ao que eles dizem

§  O que nos ensinam as “mulheres madrugadeiras”, que, graças à sua ousada coragem, tornam-se testemunhas da ressurreição?

§  Sua fé na ressurreição de Jesus tem força para mobilizar suas forças e colocá-las a serviço da mesma causa vivida por Jesus?

§  Com que palavras e com quais gestos podemos hoje anunciar e testemunhar a validade da vida e do caminho de Jesus?

§  Se achar oportuno e for possível, leia as “pistas” (página 3)

 

(4)Reze com o texto lido e meditado

§  Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus

§  Depois de escutar atentamente, agora é sua vez de falar

§  Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus

§  Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta

§  Não se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas

§  Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus

§  Coloque-se junto das mulheres, escute aquilo que elas escutam, e acolha a mensagem que elas querem anunciar a você

 

(5)Contemple a vida à luz da Palavra

§  Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus

§  Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe fala

§  Perceba o que você precisa mudar a partir dessa meditação

§  Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?

§  Por onde começar para “libertar” o evento pascal do comércio e de uma piedade intimista que só pensa na salvação individual?

 

(6)Retorne à vida cotidiana

§  Recite o Pai Nosso e a Ave Maria

§  Recite a invocação: “Jesus, que mandas dar alimento a quem tem fome, fazei-nos compassivos com eles, em teu nome!”

§  Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança

§  Medite e reze com canção pascal “Aleluia”, de Handel (Acessível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=M-7KdocrTLc)

§  Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança

§  Feche a bíblia, apague a vela e encerre seu momento de oração

 

Anotações sobre Mateus 28,1-10

A sepultura vazia ajuda a intuir que os corpos sepultados não são a última palavra de Deus sobre a história. Na sepultura vazia, mulheres e anjos ensinam que o caos do lixo pode dar lugar a uma criação harmoniosa, que o mar ameaçador pode ser atravessado a pé enxuto, que os grupos dispersos podem ser reunidos, que as pandemias podem ser vencidas, que os crucificados caminham rumo às fronteiras, onde novas possibilidades estão em gestação.

O dia ainda não amanheceu plenamente, a liberdade não alcançou todos os seres humanos, mas os guardas do sistema tremem diante de mulheres e homens que caminham destemidos. O poder sobre a vida e a morte não está nas mãos deles! Precisamos nos abrir às novas possibilidades escondidas nas pessoas e nos caminhos da história, vibrar de alegria e sair correndo para anunciar aos outros esta Boa Notícia: “Ele não está aqui! Ressuscitou!”

As mulheres nos ensinam que os sinais palpáveis da ressurreição só podem ser tocados na periferia ou numa Igreja em saída. É neste caminho missionário que as duas mulheres reconhecem o Ressuscitado que vem ao encontro delas pedindo que não tenham medo. Não importam mais os lugares onde ele esteve; importa onde ele disse que estará nos esperando.

Como cristãos, somos chamados a completar em nossos corpos os sofrimentos de Cristo, a prolongar os sinais do esvaziamento por amor e a fazer germinar as sementes do Reino de Deus. A ressurreição se multiplica como no testemunho e nas iniciativas dos discípulos, comunidades e Igrejas, grupos e movimentos. Os sinais são pequenos, mas reais e promissores.

Jesus é como uma pedra que os construtores descartaram e foi por Deus transformada em pedra de ângulo, em pedra que sustenta todo o teto em forma de abóbada. Por isso, a Páscoa pede que abramos os olhos e as portas às pessoas e grupos sociais que são descartados. Se não os tivermos no coração das nossas preocupações e projetos, nossa fé é construção sobre a areia, nosso amor pode virar patologia e nossa utopia se deteriora.

 (Itacir Brassiani msf)

 

“Dai-lhes vós mesmos de comer!”

Hoje a Igreja faz eco do apelo que Deus dirige a Caim, quando lhe pede contas da vida do seu irmão Abel: “O sangue do teu irmão clama da terra até mim”. Aplicar estas palavras quase insuportáveis à situação dos nossos irmãos que morrem de fome não é um exagero injusto ou agressivo. Estas palavras demonstram uma prioridade e desejam sensibilizar a nossa consciência. Este apelo diz respeito a todos, e alimentamos a esperança de conseguir uma melhoria decisiva, graças às relações humanas cada vez mais solidárias (Bispos do Brasil, Texto-base da Campanha da Fraternidade 2023, § 86).

 

Leitura Orante do Evangelho

A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício para iluminar e para fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade.

O Papa Bento XVI diz que “ouvir juntos a Palavra de Deus, praticar a Lectio Divina, deixar-se surpreender pela novidade do Evangelho, superar a surdez àquilo que não está de acordo com nossas opiniões ou preconceitos, é um caminho para alcançar a unidade da fé, como resposta à escuta da Palavra”.

Os textos propostos aqui são aqueles indicados pela Igreja para a liturgia diária. Pessoas e grupos que desejarem, podem escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, seja preparado um roteiro e se evite escolher apenas os textos que agradam mais.

Que a Palavra de Deus encontre em cada um/a de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente difíceis, produza bons e abundantes frutos para a vida do mundo.

Missionários da Sagrada Família

www.msfamericalatina.org | Passo Fundo/RS

(http://itacir-brassiani.blogspot.com/)