sábado, 8 de abril de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 09.04.2023

DEUS TEM A ÚLTIMA PALAVRA

A ressurreição de Jesus não é apenas uma celebração litúrgica. É, antes de tudo, a manifestação do poderoso amor de Deus, que nos salva da morte e do pecado. É possível sentir hoje a sua força vital?

A primeira coisa que precisamos fazer é tomar consciência de que a vida é habitada por um Mistério acolhedor ao qual Jesus chama «Pai». No mundo há tal excesso de sofrimento que a vida nos pode parecer caótica e absurda. Mas não é assim. Embora por vezes não seja fácil experimentá-la, a nossa existência é sustentada e dirigida por Deus em direção a uma plenitude final.

Temos de começar a viver isto desde o nosso próprio ser: eu sou amado por Deus; espera-me uma plenitude sem fim. Em nossa vida há tantas frustrações, amamo-nos às vezes tão pouco, desprezamo-nos tanto, que afogamos em nós a alegria de viver. Deus ressuscitador pode despertar de novo a nossa confiança e alegria.

Não é a morte que tem a última palavra, mas sim Deus. Há tanta morte injusta, tanta doença dolorosa, tanta vida sem sentido, que poderíamos afundar-nos no desespero. A ressurreição de Jesus lembra-nos que Deus existe e salva. Ele nos fará conhecer a vida plena que aqui não conhecemos.

Celebrar a ressurreição de Jesus é abrirmo-nos à energia vivificadora de Deus. O verdadeiro inimigo da vida não é o sofrimento, mas a tristeza. Falta-nos paixão pela vida e compaixão pelos que sofrem. E temos muita apatia e hedonismo barato que nos fazem viver sem desfrutar o melhor da existência: o amor. A ressurreição pode ser fonte e estímulo de uma nova vida.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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