sábado, 27 de abril de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (332)

332 | Ano B | 4ª Semana da Páscoa | Sábado | João 14,7-14

27/04/2024

Esta é a Palavra do Evangelho que ilumina a nossa vida neste sábado da quarta semana do tempo pascal. Esta passagem faz parte da comovida catequese que Jesus desenvolve logo depois da ceia e do lava-pés, para orientar e confortar os discípulos, que estavam assustados. Filipe, um discípulo do grupo dos Doze, pede que Jesus lhes mostre o Pai. “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”!

Jesus já havia deixado claro que é nele – nas relações de amor compassivo que ele viveu e entregou-nos como mandamento – que temos acesso ao Pai, pois ele é o caminho, a verdade e a vida. Por isso, responde quase que lamentando a dificuldade de Filipe e dos demais: “Se me conheceis, conhecereis também o meu Pai. Há tanto tempo estou convosco e não me conheces? Quem me vê, vê o Pai. Crede, ao menos, por causa destas obras...”

O problema de Filipe é o mesmo problema da Igreja, o nosso problema. Custa-nos aceitar que o Deus que revestimos de infinitude e colocamos no altíssimo nos seja dado a conhecer nas ações concretas e no corpo de Jesus de Nazaré. Não é que queiramos ver mais; queremos ver outras coisas, menos concretas, mais abstratas e passíveis de manipulação; coisas mais doutrinais e menos interpeladoras, como o é lavar os pés dos/as irmã/os, alimentar os famintos, resgatar a cidadania de quem está à margem e dar a vida sem reservas.

O problema continua e se torna mais sério quando e na medida em que queremos dar a impressão de que conhecemos Jesus, e fazemos o possível para impor nossa ideia a quem crê diversamente. A tentação da qual não nos livramos facilmente é esta: fazer Jesus “vestir o figurino” que de antemão preparamos para ele, obrigá-lo a fazer aquilo que decidimos que aprendemos que ele deve fazer em nossas faculdades de teologia e gabinetes doutrinais.

Imagino Jesus dirigindo-se a nós, dizendo afirmativamente: “Há tanto tempo estou convosco e não me conheces...” Crer nele é fazer aquilo que ele faz, prosseguir sua ação libertadora, entrar no caminho da compaixão, armar a tenda dos nossos sonhos e projetos no chão da humanidade ferida e sedenta de vida. O resto é culto às vaidades que passam, serviço aos poderes que oprimem, fuga da responsabilidade que nos torna humanamente maduros/as.

 

Meditação:

·      Recomponha na memória os gestos as palavras desse diálogo de Jesus com os seus discípulos no ambiente da última ceia

·      Será que também nós partilhamos da cegueira de Filipe, e não reconhecemos Deus naquilo que Jesus faz e pede?

·      Quais são as ações de Jesus que expressam de modo mais eloquente e libertador a ação do Pai?

·      Como podemos nós, em nosso tempo, recriar esta ação de Jesus, inclusive com maior alcance e eficácia?

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