308 | Ano B | Oitava da Páscoa | Quinta | Lucas
24,35-48
04/04/2024
Esta cena ocorre
depois do testemunho das mulheres e da comprovação, por parte de Pedro, que a
sepultura estava vazia; depois da manifestação de Jesus aos dois discípulos na
estrada e da partilha do pão; e, finalmente, depois da aparição de Jesus
ressuscitado a Pedro. Apesar disso, a presença de Jesus os espanta, e eles têm
dificuldade de acreditar.
A ressurreição de Jesus não pode ser
vista como uma espécie de prêmio que o Pai dá ao Filho obediente e generoso. O
que a Igreja afirma com a fé na ressurreição de Jesus é algo bem mais sério que
a simples ressurreição de um cadáver. O ressuscitado por Deus não é alguém que
morreu com idade avançada, rodeado de familiares e amigos, mas aquele que
resgatou a dignidade dos excluídos e foi condenado por um conluio de
autoridades. Ressuscitando Jesus, Deus confirma a validade e a justeza da causa
que atraiu a ira e a morte.
Diante do espanto e da perturbação dos
discípulos com a sua presença inesperada, Jesus mostra a eles as chagas nas
mãos e nos pés, e pede que as toquem. Com isso, sublinha a continuidade do amor
que o levou a abraçar a cruz, a continuidade entre o profeta de Nazaré e o
ressuscitado. As feridas nas mãos e nos pés são o sinal eloquente de que Jesus
é fiel, e se tornou nosso advogado de defesa. Sua ressurreição não é fruto da
imaginação dos discípulos.
Na sua
manifestação aos discípulos, Jesus ressuscitado lhes abre a inteligência, para
que, finalmente, compreendam as escrituras. Jesus não faz uma longa e completa
catequese bíblica, mas esclarece a imagem de Messias: seu caminho se desvia do
poder e da impassibilidade, passa pela aceitação do sofrimento solidário. E, em
seu nome, somos convocados/as anunciar a conversão e ao perdão dos pecados, sem
exclusões.
Não é possível
adentrar no sentido da ressurreição de Jesus e nossa se não nos movemos num
horizonte de esperança, se não aceitamos a possibilidade de uma transformação
profunda de todas as coisas, uma mudança radical e integral, que já está em
curso, e que só será concreta se começar por nós.
Meditação:
·
Leia
atentamente, palavra por palavra, gesto por gesto este episódio situado depois
manifestação de Jesus no caminho
·
Quais
são as razões e as consequências da não aceitação da cruz e da ressurreição
como núcleo essencial da vida e missão de Jesus?
·
Qual é a
perspectiva da nossa leitura das escrituras: buscamos milagres e sinais do
poder, ou de compaixão e misericórdia?
·
Como
podemos testemunhar hoje que Jesus ressuscitou, que sua vida foi validada por
Deus, e seu sonho de vida continua vivo?
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