quinta-feira, 28 de outubro de 2021

O Evangelho dominical (Pagola) - 31.10.2021

AMAR, APRENDE-SE!

Quase ninguém pensa que o amor a gente precisa ir aprendendo pouco a pouco ao, longo da vida. A maioria das pessoas pensa que o ser humano aprende a amar espontaneamente. Por isso percebemos tantos erros e tanta ambiguidade nesse mundo misterioso e atraente do amor.

Há quem pense que o amor consiste fundamentalmente em ser amado, e não em amar. Por isso passam a vida esforçando-se para conseguir que alguém os ame. Para estas pessoas, o importante é ser atraente, ser agradável, ter uma conversa interessante, fazer-se querer, ser simpática. Em geral, acabam sendo bastante infelizes.

Outros estão convencidos de que amar é algo simples, e que o difícil é encontrar pessoas agradáveis às quais se possa querer bem. Só se aproximam de quem lhes parece simpático. Assim que não encontram a resposta desejada, o seu «amor» desaparece.

Há aqueles que confundem o amor com o desejo. Reduzem tudo a encontrar alguém que satisfaça o seu desejo de companhia, afeto ou prazer. Quando dizem «amo-te», na realidade estão dizendo «desejo-te», «Apeteces-me».

Quando Jesus fala do amor a Deus e ao próximo como a coisa mais importante e decisiva da vida, está pensando noutra coisa. Para Jesus, o amor é a força que move e faz crescer a vida, pois pode libertar-nos da solidão e da separação para nos fazer entrar na comunhão com Deus e com os outros.

Mas, amar o próximo como a si mesmo requer uma verdadeira aprendizagem, sempre possível para quem têm Jesus como Mestre. E a primeira tarefa é aprender a escutar o outro. Procurar entender o que vive. Sem essa escuta sincera dos seus sofrimentos, necessidades e aspirações, não é possível o amor verdadeiro.

A segunda atitude é aprender a dar. Não há amor onde não há entrega generosa, doação desinteressada, presente. O amor é todo o contrário de acumular, apropriar-se do outro, usá-lo, aproveitar-se dele. Por último, amar exige aprender a perdoar. Aceitar o outro com as suas debilidades e a sua mediocridade. Não retirar rapidamente a amizade ou o amor. Oferecer uma e outra vez a possibilidade de reencontro.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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