domingo, 3 de agosto de 2025

5 pães e 2 peixes

O milagre do pão em todas as mesas começa pela partilha | 795 | 04.08.2025 | Mateus 14,13-21

Jesus não foi um milagreiro de ocasião, um curador preocupado em realizar prodígios para fazer propaganda de si mesmo. Seus seus milagres são sinais que abrem uma brecha no mundo de injustiças, e apontam já para uma realidade nova, meta final da caminhada existencial e social do ser humano, que os evangelhos sinóticos denominam Reino de Deus.

Concretamente, o milagre que conhecemos como “multiplicação dos pães” (que deveria ser chamada “distribuição solidária de alimentos para uma multidão faminta”) é um sinal que nos convida a tomar consciência de que o projeto de Jesus é alimentar os homens e mulheres e reuni-los numa fraternidade real e universal, na qual todos saibam e queiram partilhar o pouco ou o muito que têm.

Para os cristãos, a fraternidade e a partilha não são apenas duas exigências ao lado de tantas outras, mas a única maneira de construir o reino do Pai neste mundo. Essa fraternidade pode ser mal-entendida, se pensamos que amamos o nosso próximo simplesmente porque não lhe fazemos nada de mal, embora, concretamente, vivamos focados no próprio bem-estar.

Por ser sacramento e fermento de fraternidade, a Igreja é chamada a promover, em cada momento da história, novas formas de estreita fraternidade entre os homens e mulheres e entre os povos. Devemos aprender a viver com um estilo mais sóbrio e fraterno, escutando as novas e velhas necessidades do homem de hoje.

A luta pelo desarmamento e pela paz, a proteção do meio ambiente, a solidariedade com os famintos, a partilha com os desempregados, a ajuda aos drogados, a preocupação com os idosos esquecidos são outras tantas exigências para quem se entende irmão e quer multiplicar para todos o pão que as pessoas necessitam para viver. Para os cristãos, o amor e a amizade social não são sentimentos, mas relações sociais.

O relato do evangelho de hoje nos lembra que não podemos comer tranquilos o “nosso” pão e o “nosso” peixe enquanto ao nosso lado há homens e mulheres ameaçados pela fome. Na verdade, nada é exclusivamente nosso! Tudo o que temos foi confiado ao nosso cuidado para que não falte nada a ninguém. Os que vivem tranquilos e satisfeitos devem ouvir as palavras de Jesus: «Dai-lhes vós de comer».

 

Sugestões para a meditação

§ Acompanhe Jesus e os discípulos na sua retirada para o deserto, alertado pelo martírio de João Batista

§ Veja as pessoas necessitadas que os seguem, porque veem em Jesus o último porto e única esperança e note a confusão dos discípulos

§ O que significa para você a ordem de Jesus: “Deem-lhes vocês mesmos de comer?

Nenhum comentário: