O milagre do pão em todas as mesas começa pela partilha | 795 | 04.08.2025 |
Mateus 14,13-21
Jesus não foi um milagreiro de ocasião, um curador preocupado
em realizar prodígios para fazer propaganda de si mesmo. Seus seus milagres são
sinais que abrem uma brecha no mundo de injustiças, e apontam já para uma
realidade nova, meta final da caminhada existencial e social do ser humano, que
os evangelhos sinóticos denominam Reino de Deus.
Concretamente, o milagre que conhecemos como “multiplicação
dos pães” (que deveria ser chamada “distribuição solidária de alimentos para
uma multidão faminta”) é um sinal que nos convida a tomar consciência de que o
projeto de Jesus é alimentar os homens e mulheres e reuni-los numa fraternidade
real e universal, na qual todos saibam e queiram partilhar o pouco ou o muito
que têm.
Para os cristãos, a fraternidade e a partilha não
são apenas duas exigências ao lado de tantas outras, mas a única maneira de
construir o reino do Pai neste mundo. Essa fraternidade pode ser mal-entendida,
se pensamos que amamos o nosso próximo simplesmente porque não lhe fazemos nada
de mal, embora, concretamente, vivamos focados no próprio bem-estar.
Por ser sacramento e fermento de fraternidade, a
Igreja é chamada a promover, em cada momento da história, novas formas de
estreita fraternidade entre os homens e mulheres e entre os povos. Devemos
aprender a viver com um estilo mais sóbrio e fraterno, escutando as novas e
velhas necessidades do homem de hoje.
A luta pelo desarmamento e pela paz, a proteção do
meio ambiente, a solidariedade com os famintos, a partilha com os
desempregados, a ajuda aos drogados, a preocupação com os idosos esquecidos são
outras tantas exigências para quem se entende irmão e quer multiplicar para todos
o pão que as pessoas necessitam para viver. Para os cristãos, o amor e a
amizade social não são sentimentos, mas relações sociais.
O relato do evangelho de hoje nos lembra que não
podemos comer tranquilos o “nosso” pão e o “nosso” peixe enquanto ao nosso lado
há homens e mulheres ameaçados pela fome. Na verdade, nada é exclusivamente nosso!
Tudo o que temos foi confiado ao nosso cuidado para que não falte nada a ninguém.
Os que vivem tranquilos e satisfeitos devem ouvir as palavras de Jesus:
«Dai-lhes vós de comer».
Sugestões para a
meditação
§ Acompanhe Jesus e os discípulos na sua retirada para o
deserto, alertado pelo martírio de João Batista
§ Veja as pessoas necessitadas que os seguem, porque veem em
Jesus o último porto e única esperança e note a confusão dos discípulos
§ O que significa para você a ordem de Jesus: “Deem-lhes vocês
mesmos de comer?
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