A
missão se inspira no trabalho do jardineiro.
Paulo Suess no encontro com as/as religiosas/os |
O título parece demasiadamente
longo, mas é sumamente provocador e programático: “Por uma Igreja versus populum:
memória e projeto.” E o subtítulo comleta e concretiza: “A proposta missionária do Vaticano II
revisitada no cinquentenário da sua abertura. Uma leitura espiritual e
programático-pastoral”. Em outras palavras: a virada popular da missão.
Este foi o tema de uma jornada
de estudos promovida em Roma no último sábado (10 de novembro) pelo SEDOS (Serviço de Documentação e
Estudos, fundado e mantido por um grupo de Congregações religiosas
missionárias). A reflexão foi conduzida pelo missiólogo Pe. Paulo Suess, alemão
radicado no Brasil há quase 50 anos.
Com sua reconhecida
competência acadêmica e indiscutível compromisso sócio-eclesial, Paulo Suess
organizou sua exposição em quatro blocos temáticos articulados: 1) A articulação
e fio condutor dos Documentos do Vaticano II; 2) Os eixos temáticos transversais
dos Documentos; 3) A caminhada: da missão colonial à descolonização; 4)
Horizontes: desafios e compromissos.
Segundo Paulo Suess, na
constituição Lumen Gentium (que, para
a missiologia, é mais importante que Ad
Gentes), o Vaticano II opera uma revisão eclesiológica, propondo o povo de
Deus como sujeito, e o mundo
contemporâneo como lugar da missão.
Quanto ao modo de concretizar a missão, o Concílio propõe o aggiornamento com o mundo moderno
(perspectiva macro-estrutural) e a encarnação/inculturação
na realidade concreta (perspectiva microestrutural).
No percurso percorrido pela
Igreja e pela missão a partir do Concílio (da missão colonial à descolonização),
que na América Latina teve a importante contribuição das diversas conferências
do CELAM, passamos: a) da idéia de território
missionário ao conceito de Igreja
missionária por natureza; b) da doutrina do monopólio católico da salvação
ao diálogo interreligioso; c) da missão ad
gentes à missão inter gentes e
com as vítimas; d) do eclesiocentrismo à centralidade do Reino de Deus.
Discutindo os horizontes,
desafios e compromissos atuais da missiologia, Paulo Suess propõe três: a) o
reconhecimento e a afirmação dos pobres e dos ‘outros’ como sujeitos e mediadores da missão, b) o reconhecimento e
a afirmação efetiva dos leigos e leigas como sacerdotes, profetas e apóstolos;
c) a edificação de uma Igreja autóctone ou local, passando de uma perspectiva
de supervisão para a inculturação.
Paulo Suess na jornada promovida pelo SEDOS |
O mesmo tema abordado na
jornada promovida pelo SEDOS foi retomado pelo Pe. Suess na manhã de domingo (11 ede3
novembro), de uma forma mais abreviada e
relacionado com a questão da ‘nova evangelização’, com um grupo de
religiosos/as brasileiros que vivem em Roma. Ao todo, as duas jornadas reuniram
em torno de 100 religiosos/as e padres.
Itacir Brassiani msf
Nenhum comentário:
Postar um comentário