Crer é assmilar a visão
de Jesus participar da sua missão.
Depois de
ter sido batizado no rio Jordão, Jesus não foi festejar ou fazer férias!.. O batismo marca o
amadurecimento da sua consciência messiânica e seu debut na missão de libertar as pessoas dependentes e oprimidas.
Somos hoje convidados a acompanhá-lo nos primeiros passos da missão,
deixando-nos interpelar pelo seu olhar, suas ações e suas palavras. Ele dirige
a nós seu olhar acolhedor e questionador, e pergunta: “O que você está
procurando?” Mas também dirige a cada um de nós seu convite: “Vem comigo,
participa da minha intimidade e experimenta
meu amor sem fronteiras...”
João
Batista diz que não conhecia direito Jesus antes de tê-lo batizado (cf. 1,33).
Vendo-o no rio, misturado àquela multidão de gente marginalizada, humilde e bem
intencionada, João vislumbrou em Jesus a Sabedoria de Deus na carne humana, o
amor de Deus acampado no meio de nós, uma espécie de ‘bode expiatório’ (cordeiro
de Deus) que carrega no seu corpo as dores e pecados da humanidade. João fala abertamente
disso aos discípulos que o seguem. Parece que a passagem da experiência que
Jesus fez por ocasião do batismo à sua atividade libertadora não foi rápida,
nem automática...
Um dia desses,
vendo Jesus caminhando solitário e meditativo nos arredores de Betânia, perto
do rio Jordão, João chamou a atenção dos próprios discípulos: “É dele que eu
falei... Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo...” João não
apresenta Jesus como Messias, o líder
ungido pelo Espírito para resgatar o povo, nem como Rei de Israel, como Filho de Deus ou como Senhor. O Batista busca na tradição ritual do povo de Israel a
figura do Cordeiro, que era
sacrificado para desculpar os pecados da comunidade. A figura do Cordeiro sublinha a mansidão, a
inocência, a vítima solidária.
Apresentando
Jesus desse modo, João acrescenta que ele é aquele “que tira ou carrega o
pecado do mundo”. Ou seja: João nos diz que Jesus não está aí para, em nome de
Deus, acusar aos homens e mulheres sua insuperável condição de pecadores, mas
para atrair sobre si mesmo a violência que tende a explodir sobre os
semelhantes e para abrir um caminho de liberdade e de comunhão. Nas palavras de
João Batista transparece a intuição de que o Messias esperado age mais como
amigo que como juiz, mais como irmão que como acusador ou chefe.
Ouvindo
as breves palavras com as quais João apresenta aquele jovem galileu até então
incógnito, dois discípulos de João deixam-no e se põem a caminho, seguindo Jesus.
Aproximaram-se dele sem dizer nada, um pouco curiosos, um pouco tímidos. Um se
chama André e é irmão de Simão, que conhecemos como Pedro. Eles entram no
caminho de Jesus por sugestão de João Batista. Não terá sido fácil deixar o
mestre já conhecido e sua pregação clara e interpeladora para seguir um jovem
até então desconhecido... E Jesus nem os havia chamado, como costumavam fazer
os demais mestres...
Num dado
momento, percebendo que aqueles dois o seguiam já há algum tempo, Jesus se
volta e lhes pergunta: “Que procurais?” Não pede o que pensam dele, mas os
interroga sobre os interesses e expectativas que os movem. A resposta deles é
curta e objetiva: “Mestre, onde moras?” Desejam passar ao seu campo de
influência, aprender a partir da convivência e da experiência, participar da
sua intimidade e da sua missão. E Jesus os convida a ir e ver, a descobrir como
nele a Palavra de Deus se torna carne. E eles foram, começaram a viver com
Jesus, e nunca mais voltaram atrás.
Profundamente
impressionados com aquilo que viram e experimentaram, os novos discípulos
espalham a notícia. André vai buscar seu irmão Pedro, que como ele, tinha vindo
de Betsaida para escutar e seguir João Batista, e anuncia-lhe a boa notícia:
“Encontramos o Cristo!” E leva-o a Jesus, que dirige um olhar amoroso e
profundo a um Pedro que permenece rígido como uma pedra... Pedro havia rompido
com o status quo e esperava o
Messias, mas terá que fazer a passagem da idéia de um Messias guerreiro para um Messias Cordeiro. Será um processo
difícil e exigente, que levará mais de três anos...
Amado e querido Jesus, filho de José e Cordeiro
de Deus: Como André, queremos entrar na tenda que armaste entre os pobres e te conhecer. Livra-nos
da passividade e do silêncio resistentes
de Pedro. Salva tua Igreja da rigidez, do fechamento e da autosuficiência,
verdadeira pedra de tropeço para aqueles que te buscam com coração sincero.
Acorda-nos da ilsusão de sermos maioria, do repouso tranquilo sobre as glórias
do passado, da falta de atenção à tua Palavra viva e eficaz. E acolhe-nos na
tua intimidade para que, caminhando contigo e sendo membros do teu corpo, vejamos
e acreditemos! Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
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