DEUS AMA O MUNDO!
Não é uma frase mais.
Palavras que se poderiam eliminar do Evangelho, sem que nada importante se
alterasse. É a afirmação que recolhe o núcleo essencial da fé cristã. «Tanto
amou Deus ao mundo que entregou o Seu único Filho». Este amor de
Deus é a origem e o fundamento da nossa esperança.
«Deus
ama o mundo».
Ama-o tal como é. Inacabado e incerto. Cheio de conflitos e contradições. Capaz
do melhor e do pior. Este mundo não percorre o seu caminho só, perdido e
desamparado. Deus envolve-o com o Seu amor por toda a parte. Este facto tem
consequências da máxima importância.
Jesus é, antes de nada, o «presente» que Deus fez ao
mundo, não só aos cristãos. Os investigadores podem discutir sem fim sobre
muitos aspectos da Sua figura histórica. Os teólogos podem continuar a
desenvolver as suas teorias mais engenhosas. Só quem se aproxima de Jesus
Cristo como o grande presente de Deus, pode ir descobrindo em todos os Seus
gestos, com emoção e satisfação, a proximidade de Deus a todos os seres
humanos.
A razão de ser da Igreja, o único que justifica a sua
presença no mundo é recordar o amor de Deus. Foi sublinhado muitas vezes pelo
Vaticano II: A Igreja «é enviada por Cristo a manifestar e comunicar o amor de
Deus a todos os homens». Nada há mais importante. O primeiro é comunicar esse
amor de Deus a todo o ser humano.
Segundo o evangelista, Deus faz ao mundo esse grande
presente que é Jesus, «não para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve
por ele». É muito perigoso fazer da denúncia e da condenação do mundo moderno
todo um programa pastoral. Só com o coração cheio de amor a todos, nos podemos
chamar uns aos outros à conversão. Se as pessoas se sentem condenadas por Deus,
não lhes estamos a transmitir a mensagem de Jesus mas outra coisa: tal vez, o
nosso ressentimento e desagrado.
Nestes momentos em que tudo parece confuso, incerto e
desalentador, nada nos impede a cada um de introduzir um pouco de amor no
mundo. É o que fez Jesus. Não há que esperar a ninguém. Por que não haverá
nestes momentos homens e mulheres bons, que introduzam entre nós amor, amizade,
compaixão, justiça, sensibilidade e ajuda aos que sofrem? Estes constroem a
Igreja de Jesus, a Igreja do amor.
José Antonio Pagola
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