quinta-feira, 30 de abril de 2015

A videira e os ramos

João 15,01-08: Que vivam do seu Evangelho
Segundo o relato evangélico de João nas vésperas de sua morte, Jesus revela a seus discípulos seu desejo mais profundo: "Permanecei em mim". Conhece sua covardia e mediocridade. Em muitos momentos tem-lhes recriminado sua pouca fé. Se não permanecerem vitalmente unidos a ele, não conseguirão subsistir.
As palavras de Jesus não podem ser mais claras e expressivas: "Assim como o ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto, vocês também não poderão dar fruto, se não ficarem unidos a mim". Se vocês não permanecerem  firmes naquilo que têm aprendido e vivido junto a ele, sua vida será estéril. Se eles não vivem de seu Espírito, o que foi iniciado por ele se extinguirá.
Jesus utiliza uma linguagem clara: "Eu sou a videira e vocês são os ramos". Nos discípulos deve correr a seiva que vem de Jesus. Eles jamais devem esquecer isso. Aquele que permanece em mim e eu nele, esse vai dar fruto abundante porque sem mim não podem fazer nada. Separados de Jesus os discípulos não podem fazer nada.
Jesus não somente pede-lhes que permaneçam nele, ele disse-lhes também que "suas palavras permaneçam neles". Que eles não as esqueçam. Que vivam do seu Evangelho. Essa é a fonte daquilo que hão de beber. Já foi dito em outra ocasião: "As palavras que eu vos digo são espírito e vida".
O Espírito do Ressuscitado permanece hoje vivo e operante na sua Igreja de múltiplas formas. Mas sua presença invisível e calada toma rasgos visíveis e voz concreta graças à lembrança guardada nos relatos evangélicos por aqueles que o conheceram de perto e o seguiram. Nos evangelhos entramos em contato com sua mensagem, seu estilo de vida e seu projeto do Reino de Deus.
Por isso, nos evangelhos encerra-se a força mais poderosa que possuem as comunidades cristãs para regenerar sua vida. A energia de que necessitamos para recuperar nossa identidade de seguidores de Jesus. O Evangelho de Jesus é a ferramenta pastoral mais importante para renovar hoje a Igreja.
Muitos bons cristãos de nossas comunidades somente conhecem os evangelhos "de segunda mão". Tudo o que eles sabem sobre Jesus e sua mensagem provém daquilo que eles conseguiram reconstruir a partir das palavras dos pregadores e dos catequistas. Eles vivem sua fé sem ter um contato pessoal com as "palavras de Jesus".
É difícil imaginar uma nova evangelização sem favorecer às pessoas um contato mais direto e imediato com os evangelhos. Não há força evangelizadora mais forte do que a experiência de escutar juntos o Evangelho de Jesus a partir de perguntas, dos problemas, dos sofrimentos e das esperanças de nosso tempo.
José Antônio Pagola

http://www.cebi.org.br/noticias.php?noticiaId=5598

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