quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Uma vida com sabor de eternidade

ATRAÇÃO POR JESUS

O evangelista João repete uma e outra vez expressões e imagens de grande força para gravar bem nas comunidades cristãs que se acercam de Jesus para descobrir nele una fonte de vida nova. Um princípio vital que não é comparável com nada que tenha podido conhecer anteriormente.
Jesus é «pão descido do céu». Não pode ser confundido com qualquer fonte de vida. Em Jesus Cristo podemos alimentar-nos de uma força, uma luz, uma esperança, um alento vital... que vem do mistério mesmo de Deus, o Criador da vida. Jesus é «o pão da vida».
Por isso, precisamente, não é possível encontrar-se com ele de qualquer maneira. Temos de ir ao mais fundo de nós mesmos, abrir-nos a Deus e «escutar o que nos diz o Pai». Ninguém pode sentir verdadeira atração por Jesus, «se não o atrai o Pai que O há enviado».
O mais atrativo de Jesus é a Sua capacidade de dar vida. O que acredita em Jesus Cristo e sabe entrar em contacto com Ele, conhece uma vida diferente, de qualidade nova, uma vida que, de alguma maneira, pertence já ao mundo de Deus. João atreve-se a dizer que «o que come deste pão, viverá para sempre».
Se, nas nossas comunidades cristãs, não nos alimentamos do contato com Jesus, seguiremos ignorando o mais essencial e decisivo do cristianismo. Para isso, nada há pastoralmente mais urgente que cuidar bem da nossa relação com Jesus, o Cristo.
Se, na Igreja, não nos sentimos atraídos por esse Deus encarnado num homem tão humano, próximo e cordial, ninguém nos tirará do estado de mediocridade em que vivemos sumidos habitualmente. Ninguém nos estimulará para ir mais longe que o estabelecido pelas nossas instituições. Ninguém nos alentará para ir mais adiante que o que nos marcam as nossas tradições.
Se Jesus não nos alimenta com o Seu Espírito de criatividade, seguiremos presos ao passado, vivendo a nossa religião desde formas, concepções e sensibilidades nascidas e desenvolvidas noutras épocas e para outros tempos que não são os nossos. Mas, então, Jesus não poderá contar com a nossa cooperação para gerar e alimentar a fé no coração dos homens e mulheres de hoje.

José Antonio Pagola

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