quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O Evangelho dominical - 16.09.2018


LEVAR JESUS A SÉRIO

O episódio de Cesaréia de Filipe ocupa um lugar central no evangelho de Marcos. Depois de um tempo de convívio com Ele, Jesus faz aos Seus discípulos uma pergunta decisiva: “Quem dizeis que Eu sou?”  Em nome de todos, Pedro responde, sem duvidar: «Tu és o Messias». Por fim parece que tudo está claro: Jesus é o Messias enviado por Deus, e os discípulos seguem-no para colaborar com Ele.
Mas Jesus sabe que não é assim. Todavia falta-lhes aprender algo muito importante. Reconhecem a identidade e a missão de Jesus com palavras, mas todavia não sabem o que significa segui-Lo de perto partilhando o Seu projeto e o Seu destino. Marcos diz que Jesus “começou a ensiná-los” que teriam de sofrer muito. Não é um ensinamento a mais, mas algo fundamental que os discípulos terão de ir assimilando pouco a pouco.
Desde o início que lhes fala “com toda a clareza”. Não lhes quer ocultar nada. Eles precisam saber que o sofrimento os acompanhará sempre na sua tarefa de abrir caminhos para o reino de Deus. No final será condenado pelos dirigentes religiosos e morrerá executado violentamente. Só ao ressuscitar se verá que Deus está com Ele.
Pedro rebela-se perante o que está ouvindo. A sua reação é incrível. Leva Jesus consigo e fala com Ele à parte, advertindo-o e pressionando-o para que mude seu rumo. Tinha sido o primeiro em o reconhecer como Messias, mas agora é o primeiro a rejeitá-Lo. Quer fazer Jesus perceber que o aquilo que acabara de anunciar é absurdo. Não aceita que siga esse caminho. Jesus há de alterar essa forma de pensar.
Jesus reage com uma dureza desconhecida. De repente vê em Pedro os traços de Satanás, o tentador do deserto que procura afastá-Lo da vontade de Deus. Volta-se para os discípulos e repreende literalmente Pedro com estas palavras: “Vá para trás de Mim, Satanás”, volta a ocupar o teu lugar de discípulo. Deixa de tentar-me. “Os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens”.
Logo, Jesus interpela as pessoas e os Seus discípulos para que escutem bem as Suas palavras. Irá repeti-las em diversas ocasiões. Não hão de esquecê-las jamais. “Se alguém quiser vir comigo, que renuncie a si mesmo, que carregue a sua cruz e que me siga”
Seguir Jesus não é uma decisão obrigatória. É uma decisão livre de cada um. Mas temos de levar Jesus a sério. Não bastam confissões fáceis. Se queremos segui-lo na Sua tarefa apaixonante de fazer um mundo mais humano, digno e feliz, temos de estar dispostos a duas coisas. Primeiro, renunciar a projetos ou planos que se oponham ao reino de Deus. Segundo, aceitar os sofrimentos que nos podem chegar por seguir Jesus e nos identificarmos com a sua causa.
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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