quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

O Evangelho dominical (Pagola) - 19.01.2020


O MAIS IMPORTANTE

Alguns ambientes cristãos do primeiro século estavam muito interessados em não serem confundidos com os seguidores do Batista. A diferença, segundo eles, era grande. Os batistas viviam de um rito externo que não transformava as pessoas: um batismo de água. Os cristãos, pelo contrário, deixavam-se transformar internamente pelo Espírito de Jesus.
Esquecer isso é mortal para a Igreja. O movimento de Jesus não se sustenta em doutrinas, normas ou ritos vividos exteriormente. É o próprio Jesus que deve batizar ou encher os seus seguidores com o Seu Espírito. E é este Espírito que os deve animar, impulsionar e transformar. Sem esse batismo do Espírito não há cristianismo.
Não devemos esquecer. A fé que anima a Igreja não está nos documentos do magistério ou nos livros de teólogos. A única fé real é a que o Espírito de Jesus desperta nos corações e mentes dos Seus seguidores. Esses cristãos simples e honestos, de intuição evangélica e coração compassivo, são os que realmente «reproduzem» Jesus e introduzem o seu Espírito no mundo. Eles são o melhor que temos na Igreja.
Infelizmente, existem muitos outros que não conhecem por experiência essa força do Espírito de Jesus. Eles vivem uma religião de segunda mão. Não conhecem nem amam Jesus. Simplesmente acreditam no que dizem outros. A sua fé consiste em acreditar no que diz a Igreja, no que ensina a hierarquia ou no que escrevem os entendidos, que às vezes não vivam nada do que viveu Jesus. Como é natural, com o passar dos anos, a sua adesão ao cristianismo vai-se dissolvendo.
O que mais precisamos hoje não é de catecismos que definam corretamente a doutrina cristã ou de exortações que precisem com rigor as normas morais. Só com isso não se transformam as pessoas. Há algo prévio e mais decisivo: narrar nas comunidades a figura de Jesus, ajudar os crentes a entrar em contato direto com o evangelho, ensinar a conhecer e amar Jesus, aprender juntos a viver com o Seu estilo de vida e o Seu espírito. Recuperar o batismo do Espírito, não é essa a primeira tarefa da Igreja?
José Antonio Pagola.
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez.

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