Bendito
aquele que vem em nome do Senhor! | 519 | 31.10.2024 | Lucas 13,31-35
Jesus acabava de responder a quem perguntava se são
muitas as pessoas que se salvam, e alertava que as portas do Reino de Deus
estão abertas a todos, mas tem suas exigências. Eis que, inesperadamente, os
fariseus comunicam a Jesus que ele está em perigo, que Herodes está querendo
matá-lo. Será que viraram defensores e protetores de Jesus? Será que estavam
preocupados com os riscos que enfrentava?
A cena está situada literariamente na segunda etapa da caminhada de
Jesus a Jerusalém, e ele acabara de acusar o povo Israel de incredulidade e de
elogiar ninguém menos que os pagãos. Jesus não é ingênuo. Ele percebe a
falsidade dos fariseus, pois são emissários de Herodes e fazem o jogo dele, e
pouco estão se “lixando” com o risco que ameaça Jesus. Ele não se deixa
intimidar pelo tirano.
Jesus fala de Herodes usando uma metáfora bem conhecida da cultura
brasileira. Jesus diz que o rei Herodes se parece a uma raposa, como no Brasil
são qualificados os políticos interesseiros. Herodes rosna forte, mas não é um
leão: ele não passa de um animal pequeno, mas traiçoeiro, violento e fedorento,
cujo domínio não vai além da Galileia e da Peréia. Herodes ão passa de um
reizinho frágil e periférico, por mais que busque o apoio da aristocracia de
Israel e bajule o imperador romano.
A imagem da raposa também ajuda a compreender a metáfora da galinha e
dos pintinhos. A galinha e seus filhotes são objeto preferido da violência e da
voracidade da raposa. Embora Jesus tente defender e proteger o seu povo como
uma galinha protege seus pintinhos, usando do seu próprio corpo, a elite de
Jerusalém refuta o caminho que Jesus percorre e propõe. Mas ele continua sua
missão como “bendito que vem em nome do Senhor”, curando, libertando e
anunciando o Reino.
Fiel à herança profética, Jesus não muda seu rumo
nem o ritmo da sua missão por causa da ameaça de um reizinho decadente. Ele prossegue,
intrépido e generoso, sua missão, sem se afastar uma vírgula da vontade do Pai para
se proteger das ameaças dos poderosos de plantão. Ele se identifica com os
profetas, mas não é uma espécie de “kamikaze” que procura a morte como ato
redentor do povo e glorificador de si mesmo. É o Pai, e não Herodes ou seus
asseclas, quem vai dizer quando e como deve dar sua missão por terminada.
Meditação:
· Embarque
na sugestiva metáfora da raposa que ameaça a galinha e seus pintinhos, com a
qual Jesus fala de Herodes e de si mesmo
· Deixe-se
impressionar pela firmeza e coragem de Jesus, que continua sua missão até e
como o Pai quer
· Perceba
a hipocrisia e a falsidade dos fariseus de todos os tempos, que defendem apenas
“pátria, (sua) família e (sua) propriedade”
· O
que fazer diante das lideranças (cristãs e políticas) que dizem defender o povo
mais colaboram com seus opressores?
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