quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Bendito aquele que vem em nome do Senhor

Bendito aquele que vem em nome do Senhor! | 519 | 31.10.2024 | Lucas 13,31-35

Jesus acabava de responder a quem perguntava se são muitas as pessoas que se salvam, e alertava que as portas do Reino de Deus estão abertas a todos, mas tem suas exigências. Eis que, inesperadamente, os fariseus comunicam a Jesus que ele está em perigo, que Herodes está querendo matá-lo. Será que viraram defensores e protetores de Jesus? Será que estavam preocupados com os riscos que enfrentava?

A cena está situada literariamente na segunda etapa da caminhada de Jesus a Jerusalém, e ele acabara de acusar o povo Israel de incredulidade e de elogiar ninguém menos que os pagãos. Jesus não é ingênuo. Ele percebe a falsidade dos fariseus, pois são emissários de Herodes e fazem o jogo dele, e pouco estão se “lixando” com o risco que ameaça Jesus. Ele não se deixa intimidar pelo tirano.

Jesus fala de Herodes usando uma metáfora bem conhecida da cultura brasileira. Jesus diz que o rei Herodes se parece a uma raposa, como no Brasil são qualificados os políticos interesseiros. Herodes rosna forte, mas não é um leão: ele não passa de um animal pequeno, mas traiçoeiro, violento e fedorento, cujo domínio não vai além da Galileia e da Peréia. Herodes ão passa de um reizinho frágil e periférico, por mais que busque o apoio da aristocracia de Israel e bajule o imperador romano.

A imagem da raposa também ajuda a compreender a metáfora da galinha e dos pintinhos. A galinha e seus filhotes são objeto preferido da violência e da voracidade da raposa. Embora Jesus tente defender e proteger o seu povo como uma galinha protege seus pintinhos, usando do seu próprio corpo, a elite de Jerusalém refuta o caminho que Jesus percorre e propõe. Mas ele continua sua missão como “bendito que vem em nome do Senhor”, curando, libertando e anunciando o Reino.

Fiel à herança profética, Jesus não muda seu rumo nem o ritmo da sua missão por causa da ameaça de um reizinho decadente. Ele prossegue, intrépido e generoso, sua missão, sem se afastar uma vírgula da vontade do Pai para se proteger das ameaças dos poderosos de plantão. Ele se identifica com os profetas, mas não é uma espécie de “kamikaze” que procura a morte como ato redentor do povo e glorificador de si mesmo. É o Pai, e não Herodes ou seus asseclas, quem vai dizer quando e como deve dar sua missão por terminada.

 

Meditação:

·    Embarque na sugestiva metáfora da raposa que ameaça a galinha e seus pintinhos, com a qual Jesus fala de Herodes e de si mesmo

·    Deixe-se impressionar pela firmeza e coragem de Jesus, que continua sua missão até e como o Pai quer

·    Perceba a hipocrisia e a falsidade dos fariseus de todos os tempos, que defendem apenas “pátria, (sua) família e (sua) propriedade”

·    O que fazer diante das lideranças (cristãs e políticas) que dizem defender o povo mais colaboram com seus opressores?

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