É a
perseverança no amor e no serviço que nos mantém no caminho | 518 | 30.10.2024 | Lucas 13,22-30
O evangelho de hoje nos apresenta uma
cena na qual alguém questiona Jesus em relação ao número de pessoas que se
salvam, à quantidade daquelas que chegam à plena realização humana e
espiritual. Quem pergunta não se interessa pelo caminho que leva à salvação,
mas pelo número dos que seriam beneficiados por ela. Na sua resposta, Jesus
sublinha que a salvação não dispensa o esforço pessoal contínuo. O caminho da
salvação passa pela exigente conversão.
Jesus sublinha também que este engajamento é tarefa
para o tempo presente, e não pode ser adiado indefinidamente. Comparando o
processo de salvação a uma porta estreita, Jesus ressalta que chegará o tempo
em que o dono da casa fechará a porta e não será mais possível entrar.
Portanto, é preciso desfrutar com responsabilidade das possibilidades de
crescimento que cada momento nos oferece. O tempo propício da salvação é agora,
e aqui é o lugar para semear Reino de Deus e ajudá-lo a florescer. É preciso
conjugar adequadamente paciência e urgência.
Há gente que pensa que somente a religião pode
salvar, que as pessoas realizadas e plenamente humanas ou santas seriam aquelas
que rezam bastante, que observam as prescrições religiosas, que regem a vida
por uma moralidade estrita, que vivem neste mundo suspirando pelo céu. Mas a
religião não pode se divorciar da ética, nem do mundo, inclusive das coisas
materiais. A religião propõe uma forma específica de viver no mundo e de se
relacionar com as pessoas e coisas. Àqueles que reduzem a religião a um
conjunto de prescrições Jesus adverte: “Não sei de onde sois...” Em lugar
deles, entram no Reino de Deus muitos que eles ignoram e desprezam. Como?
Respondendo à pergunta sobre o número
dos que se salvam, Jesus diz que “virão muitos do oriente e do ocidente, do
norte e do sul, e tomarão lugar à mesa do Reino de Deus”. Em outras palavras:
alguns daqueles que as religiões e instituições descartam ou colocam em último
lugar, aos olhos de Deus são os mais importantes e ocupam os primeiros lugares.
Todos os homens e mulheres são chamados à salvação e, de um modo que só o
Espírito de Deus sabe, participam do mistério pascal de Jesus Cristo. E, mais
ainda: “Há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”! Esta é
uma verdade que coloca em cheque nossos pretensos méritos e certezas. Quem está
de pé, cuide para não cair, diz Jesus noutro lugar.
Meditação:
§ Retome o episódio, não perca as nuances da pergunta
e das respostas de Jesus; saboreie aquilo que mais ressoa ou atrai você
§ Em
que medida também nós, Igreja de hoje, estamos mais preocupados com o número de
fiéis que “entram” na Igreja que com o testemunho?
§ Será
que ainda conservamos uma mentalidade segundo a qual pessoa boa é a que
frequenta as missas e paga o dízimo?
§ Como
entender hoje a imagem da “porta estreita”, evitando que signifique exclusão
daqueles que creem diversamente de nós?
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