Pe. Ceolin: um auto-retrato
provisório (IV)

Explicitando
resumidamente o que mais desejava alcançar no ano 2000, ele escrevia: “a) Como pessoa: ser um homem atencioso,
afável, acolhedor, amigo, simples e humilde, deveras humano; b) Como religioso: dioturnamente e em todo
lugar, lembrar que sou consagrado a Deus, ser uma presença
amiga no convívio comunitário e cooperar responsavelmente dentro da Província e
da Congregação; c) Como padre: servir ao povo com amor, com dedicação de bom
pastor, e ter respeito e carinho pelos pobres e pelos
enfraquecidos na fé.”
Para
realizar este desejo profundo e complexo, ele reconhecia que precisava “ser
persistente no cultivo pessoal e no projeto de vida”, habituar-se à
metodologia (observar, registrar, avaliar), “intensificar e melhorar a
qualidade da oração individual”, “estabelecer ações diárias e concretas de gratuidade”,
melhorar os cuidados com a saúde e a higiene pessoal”, e, para conseguir tudo
isso, “revigorar a vontade.” Daqui podemos concluir que a sua proverbial bondade
era bem mais que dom natural...
Considerando
tudo o que havia constatado sobre si mesmo e aquilo que acreditava, o Pe.
Ceolin estabeleceu como objetivo para o ano 2000: “Suplicar ao Senhor sua ajuda
vigorosa a fim de efetuar a conversão do meu insconsciente,
relutante em abandonar seus apegos históricos, e assim tornar-me pessoa,
religioso
e padre
segundo a vontade de Deus, a espiritualidade e o carisma dos Missionários da
Sagrada Família.” Mais ou menos na mesma linha, no ano anterior, havia
estabelecido: “Com humildade e docilidade ao Santo Espírito e com o coração e
os olhos voltados para a Sagrada família, tratarei de intensificar perseverantemente
minha formação permanente em todas as dimensões da vida.”
Ao
desdobrar e concretizar sua meta em seis dimensões, o Pe. Rodolpho mostra que
não brincava com a resposabilidade pelo próprio crescimento. Eis o que estabeleceu.
Na dimensão
pessoal: “Exercitar minha vontade; retomar semanalmente meu projeto de
vida para efetuar registros e asvaliações, às segundas-feiras à noite;
levantar-me às seis horas da manhã.” Na dimensão comunitária: “Ajudar
gratuitamente na lavação da louça e limpeza; ser mais alegre e comunicativo no
grupo de vivência; ser menos censurador e mais propositivo, com todos.
Dimensão
cultural: “Praticar a metodologia proposta no PEP e Plano de
Formação; participar dos cursos de formação da Província e Diocese; escrever um
artigo para o Bertheriano a cada dois meses.” Dimensão espiritual: “Participar dos
encontros semanais da Palavra-Vida, como instrumento de crescimento espiritual;
fazer ao menos dois retiros anuais; dedicar meia-hora à oração individual, três
vezes por semana.”
Dimensão
pastoral: “Preparar-me em tempo para as homilias e fazê-las de
forma mais propositiva, menos moralistas e mais breves; visitar e ser mais
presente junto aos pobres do bairro; participar dos encontros de reflexão e
avaliação pastoral na paróquia e no IMT.” Dimensão econômica: “Libertar-me do
fumo, antes do pentecostes; desfazer-me de roupas, ficando com as necessárias;
zelar com o que pertence à casa e à Província; ser transparente e modesto nos
gastos pessoais.”
Mas, além
de estabelecer metas corajosas e meios empenhativos, o Pe. Rodolpho também
tomou as devidas precauções para que o seu Projeto
de Vita não ficasse na pura intenção. Por isso, estabeleceu que todo mês
reservaria “ao menos meio-dia para um mini-retiro individual, dedicando à
oração e à avaliação, tomando por base o Projeto
de Vida” e partilharia esta avaliação com os coirmãos da comunidade de
vida, no caso, os próprios junioristas, e com outro coirmão da direção provincial!
E concluía seu Projeto de Vida com
uma prece que nos dá a medida da sua grande alma: “Senhor, sem ti, o quê poderei
realizar?... Sabes quão fraco sou! Vem em meu auxílio com os dons do Espírito
Santo. Amém!”
Espero
que estes quatro breves textos, que são praticamente uma transcrição integral
do Projeto de Vida do Pe. Ceolin,
tenham ajudado e celebrar sua memória e a pintar um retrato, tão provisório
quanto parcial, desse nosso querido e saudoso coirmão. Que ele descanse em paz
e que sua vida seja fecunda e nos inspire sempre mais.
Itacir Brassiani msf
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