Hoje o Pe. Ceolin estaria completando 84 anos de vida e, amanhã, 63 anos
de vida consagrada. Fazendo memória da sua longa e fecunda existência, proponho
a releitura deste belíssimo texto, publicado em abril de 2003. Creio que hoje podemos
dizer ao Rodolpho: “Descanse em paz, querido amigo, pois os seus descendentes
são incontáveis e saberão honrar seu exemplo...”
Sejam fecundos, eternamente
fecundos!

Naquele
momento, lembrei-me do tema da Campanha
da Fraternidade de 2003, fraternidade e pessoas idosas, e de mim mesmo,
varão com meus setenta e três verões de vida. E, por uns instantes, pensei:
“Puxa! Dentro de algum tempo estarei num esquife, sendo recomendado à
misericórdia de Deus! Terei deixado alguém? E quem será esse alguém a chorar
minha partida?” Suspendi a ligeira distração e tratei de concentrar-me na liturgia
que estava presidindo.
Na
meditação do dia seguinte, com o texto-base da Campanha da Fraternidade na mão, voltou-me è memória a falecida
Tereza. Lembrei-me então que meus avós maternos já têm em torno de setecentos
descendentes. E então lembrei-me de Adão e Eva: “Crescei e multiplicai-vos!
Sede fecundos e enchei a terra!” (Gn 1,28). E também Abraão me veio à mente:
“Você será pai de muitas nações... Farei a sua descendência tão numerosaq que
ninguém poderá contar...” (Gn 17,5).
E cheguei
a José, Maria e Jesus, ao Pe. João Berthier, aos confrades Aloísio Weber, Pedro
Klaus, Ernesto Greiner, Luiz Muhl, Otto Massmann, Jerônimo Finkler e muitos
outros. Lembrei-me de mim, de vocês que estão na missão, na inserção, nas
paróquias, nas casas de formação, no Provincialado, no Lar de Nazaré...
Então
escutei: “Eu te abençoarei!... Eu multiplicarei teus descendentes como as
estrelas do céu e a areia da praia, porque não me recusaste o teu filho único,
porque por amor a mim e ao Reino renunciaste à paternidade carnal...” Entendi
que a realização e a glória de um homem ou de uma mulher não provêm apenas ou
acima de tudo do número de descendentes gerados genitalmente.
Como é
consolador sentir que, após setenta, oitenta ou noventa anos ainda continuamos
férteis, capazes de gerar e proteger a vida, de construir pessoas, de gerar
novos cristãos, novos Missionários da Sagrada Família. Que maravilha é poder
tomar consciência de que ainda na velhice, até à morte e mesmo após ela, somos
fecundos e podemos ser “pais” de muitos.
A
confirmação disso tudo eu encontro na Palavra de Deus. Paulo escreve: “Fui eu
quem gerou vocês em Jesus Cristo, através do Evangelho” (1Cor 4,15). A Timóteo,
ele chama de “verdadeiro filho na fé” (1Tm 1,2). “A você, Tito, meu verdadeiro
filho na fé, graça e paz” (Tt 1,4). São João evangelista, repetidamente chama
as pessoas das comunidades de “meus filhinhos”. E o nosso venerável Pe.
Berthier dirigia-se a seus discípulos com a carinhosa e afetuosa expressão “mes
enfants”, isto é, “meus meninos, meus filhos”.
É tão bom
sentir-se, em qualquer idade, um religioso realizado por saber-se continuamente
gerador de fé, de cidadãos conscientes e doados ao povo. É bom demais ser um
Missionário da Sagrada Família promovendo vida digna e abundante “entre aqueles
que estão longe”. É tão bonito ver os irmãos entregues generosamente à formação
dos novos missionários em nossas casas de formação e seminários. Sigamos
multiplicando-nos, eternamente fecundos!
Pe. Rodolpho Ceolin msf
(Artigo publicado em O Bertheriano,
Ano XXV, n° 78, abril/2003, p. 13)
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