XII Semana do
Tempo Comum | Sábado | Mateus 8,5-17
(01/07/2023)
Depois da primeira etapa do processo de “formação
na ação” que Jesus oferece aos seus discípulos (purificação e cura de um
leproso), entramos na fase narrativa, que descreve a novidade do Reino de Deus
em ação naquilo que Jesus faz. Também nisso ele forma, educa e orienta seus
discípulos/as missionários/as. Ontem vimos como ele desmascara a ideologia que
taxa os leprosos como impuros, e, assim exclui eles da convivência social
Uma leitura atenta do início do capítulo 8 do
evangelho segundo Mateus nos leva a perceber que Jesus derruba os muros e
atravessa as fronteiras políticas, étnicas, religiosas e sociais enfrentando o
sofrimento das pessoas rejeitadas, oprimidas, isoladas, doentes, paralíticas,
etc. E faz isso evitando os centros e deslocando-se para as margens. Usa como meios
eficazes a Palavra e o toque, a compaixão e a misericórdia, sem recorrer a
ações poderosas e capazes de impressionar, seduzir e provocar medo. São ações
que beneficiam os necessitados, e não subjugam ninguém.
Na cena de hoje se confrontam dois reinos (o império
romano e o Reino de Deus), duas etnias (os judeus e os pagãos) e duas classes
(um chefe militar e uma mulher sem nome). O escravo e a sogra de Pedro não têm
voz, não contam para nada. Diante desses dois sujeitos sociais, Jesus faz o que
império romano não faz, e corrige aquilo que a dominação provoca. A possessão
era a expressão da completa destruição da pessoa, e Jesus põe fim a esse mal
que fere tanta gente.
A figura do oficial romano é ambivalente, pois ele
faz parte da estrutura de dominação e de violência do império romano, mas, ao
mesmo tempo, é um pagão, e, como tal, é desprezado pelos judeus. Pela confiança
radical na força libertadora da pessoa e da Palavra de Jesus para curar alguém
tratado por ele como simples propriedade, este oficial chama a atenção e atrai o
elogio de Jesus.
A
atitude e as palavras desse pagão inspiram a vida cristã. Sua fé é exemplo até
para os judeus mais piedosos. Em cada celebração eucarística, repetimos suas
palavras, e queremos assimilar sua atitude. “Senhor, eu não sou digno que
entres em minha casa, mas uma palavra tua basta para curar-me!”
Meditação:
·
Preste
atenção na atitude, nos gestos e nas palavras do oficial romano: ele pede em
favor de um escravo, que é uma entre as suas propriedades, uma pessoa que
talvez ele mesmo tivesse torturado
·
O
oficial expressa sua fé na força da Palavra e da compaixão de Jesus de Nazaré
por aqueles que não tem voz nem vez
·
Jesus
se interessa pela sogra de Pedro, vai ao encontro dela no reduto doméstico,
ajuda-a a superar a enfermidade e recoloca-a de pé
·
Você
deseja que Jesus entre na sua casa e faça as mudanças que o Evangelho pede,
tome você pela mão e faça de você um/a servidor/a dos outros?
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