domingo, 3 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher: Olga Benário


Quero celebrar o Dia Internacional da Mulher e homenagear esta graciosa metade da humanidade com uma espécie de panteão no qual recordo, dia após dia, o nome, a história e a grandeza humana de algumas mulheres pouco reconhecidas pela história e pelas colunas sociais. São simples e breves flashes de vidas muito mais belas e complexas, uma espécie de retalhos da vida, tomados emprestados da inspirada pena do escritor uruguaio Eduardo Galeano. E começo pedindo emprestado os versos de Ivone Boechat:
“Um aroma suave / exalou das mãos do Criador, / quando seus olhos / contemplaram / a solidão do homem no Jardim! / Foi assim: / o Senhor desenhou / o ser gracioso, meigo e forte, / que Sua imaginação perfeita produziu. / Um novo milagre: / fez-se carne, / fez-se bela, / fez-se amor, / fez-se na verdade como Ele quer! / O homem colheu a flor, / beijou-a, com ternura, / chamando-a, simplesmente, / Mulher!”

Olga Benário

À cabeça de seu exército rebelde, Luís Carlos Prestes tinha atravessado a pé o imenso Brasil de ponta a ponta, ida e volta dos campos do sul até os desertos do nordeste, através da selva amazônica. Em três anos de marcha a Coluna Prestes tinha lutado contra a ditadura dos senhores do café e do açúcar sem sofrer jamais uma derrota. Portanto, Olga Benário (12.02.1908-23.04.1942) o imaginava gigantesco e devastador. Tremenda surpresa levou quando conheceu o grande capitão.
Prestes era um homenzinho frágil, que ficava vermelho quando Olga o olhava nos olhos. Ela, afogueada nas lutas revolucionárias da Alemanha, militante sem fronteiras, veio ao Brasil. E ele, que nunca tinha conhecido mulher, foi por ela amado e fundado.
Os dois caem presos ao mesmo tempo. São levados a cárceres diferentes. Da Alemanha, Hitler reclama Olga por ser judia e comunista, sangue vil, vis idéias. E o presidente brasileiro, Getúlio Vargas, a entrega. Quando os soldados chegam para buscá-la na cadeia, os presos se amotinam. Olga acaba com a revolta, para evitar uma matança inútil, e se deixa levar. Com a cara na grade de sua cela, o escritor Graciliano Ramos a vê passar, algemada, pançuda de gravidez.
No cais, a espera um navio que ostenta a cruz suástica. O capitão tem ordens de não parar até Hamburgo. Lá Olga será trancada num campo de concentração, asfixiada numa câmara de gás, carbonizada num forno. (Eduardo Galeano, O século do vento. Memória do fogo, vol. 3, L&PM Pocket vol. 909, 2010, p. 152-153)

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