terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Curso de Missiologia (Passo Fundo - 3)

Mudanças na perspectiva missionaria do Episcopado Latino-Americano
Depois de nos oferecer um breve panorama das inovações missiológicas do Vaticano II, da Evangelii Nuntiandi e da Redemptoris Missio, o professor Mémore nos apresentou resumidamente os passos da reflexão missiológica do episcopado latino-americano, assim como aparece nas grandes conferências regionais.
Conferência do Rio de Janeiro (1955), sobre as vocações e a instrução religiosa. As preocupações eram com a formação do clero e dos leigos e leigas, com o processo de industrialização e com o fenômeno do pentecostalismo. A perspectiva é marcadamente ad intra, mas aparece uma embrionária preocupação com os “territórios de missão”.
Conferência de Medellín (1968), sobre a Igreja na atual transformação da América Latina. Os desafios eram acolher contextualmente o Vaticano II, a descoberta do mundo subumano, as urgências do processo de libertação, a necessidade de reconfigurar a Igreja. A missão é compreendida como compromisso de contribuir com os povos e suas lutas, com a promoção integral do ser humano e das comunidades humanas.
Conferência de Puebla (1979), sobre a evangelização no presente e no futuro da América Latina. Os desafios subjacentes eram a evangelização significativa e libertadora para os povos latino-americanos. Em termos missionários, fala-se em “dar da nossa pobreza” (Puebla 368), em abrir-se às necessidades missionarias das demais igrejas particulares e da Igreja universal. Mas vai também emergindo perigosamente o desejo de restauração da velha cristandade.
Conferência de Santo Domingo (1992), sobre a nova evangelização, promoção humana e cultura cristã. Os desafios eram a nova evangelização do continente, o envolvimento dos leigos e jovens nesse projeto e a inculturação do Evangelho.  Santo Domingo pede um verdadeiro espirito missionário e o envolvimento de todos os sujeitos eclesiais na nova evangelização, inclusive na missão ad gentes.
Conferência de Aparecida (2007): Os desafios eram os gargalos da Igreja frente ao aumento da população, o retorno de eclesiologias e espiritualidades pré-conciliares, o afrouxamento da opção pelos pobres, a linguagem pouco significativa da pratica evangelizadora, o êxodo dos católicos para o pentecostalismo, as dificuldades do dialogo ecumênico, a falta de espírito missionário no clero, a falta de valentia para prosseguir a evangelização. 
A missão é o paradigma-síntese de Aparecida, o ponto de convergência da caminhada da Igreja universal e da América Latina, a palavra sintetiza as múltiplas intuições e propostas da Conferência.  As propostas principais foram: a paróquia missionária; a missão continental; a missão ad gentes. Tendo passado dez anos, podemos dizer que foi mais barulho e anúncio que processo de realização.

Itacir Brassiani msf

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