domingo, 8 de setembro de 2024

Fazer o bem e cuidar da vida não pode depender de vaga na agenda

Fazer o bem e cuidar da vida não pode depender de vaga na agenda | 467 | 09.09.2024 | Lucas 6,6-11

Passada a semana da pátria, e enquanto ficamos perplexos e sem reação diante do calor seco e sufocante e das intermináveis e perigosas queimadas, a cena do evangelho de hoje apresenta-nos Jesus desafiando as leis e instituições e colocando a pessoa e suas necessidades acima de tudo. Acima das prioridades desse ou daquele governo, acima do teto ou do arcabouço fiscal, acima dos sacramentos e das diversas normas e orientações da Igreja está a pessoa humana concreta.

Jesus está na sinagoga, em dia de sábado: lugar sagrado, dia sagrado, império absoluto da lei e das tradições. Mas nada disso consegue reabilitar um anônimo homem que sofre com a mão seca. Com essa enfermidade, ele está impedido de agir, de fazer algo bom. A sinagoga, os fariseus e as tradições o ignoram, não podem ou não querem tomar conhecimento da sua marginalização, nem reabilitá-lo. O legalismo, o formalismo e o patriotismo são estéreis!

O homem, embora necessitado de ajuda, não pede nada. É Jesus que toma a iniciativa, chama aquele homem vulnerável para o centro da roda e interpela os líderes religiosos que o espreitam: “O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?” Eles sabiam que a lei permitia agir em caso de necessidade, mas preferiam calar e permanecer indiferentes. Para Jesus, ser omisso e indiferente já significa fazer o mal!

A ação de Jesus, assim como sua pergunta, é claramente provocatória. Ele não espera qualquer resposta, mas um exame de consciência daqueles que o criticam e condenam. Curando o homem em dia de sábado, Jesus desmonta a sustentação ideológica dos escribas e fariseus, acusa-os de fazer o mal no dia sagrado e mostra a esterilidade das instituições e causas que eles defendem. O que está acima de tudo é o cuidado, a defesa e a promoção da vida, e não as tradições, o cuidado de si, a pátria ou as veneráveis “tradições gaúchas”.

“A vida em primeiro lugar!”, e não a economia, o teto fiscal, o equilíbrio das contas, a louca vontade de um misterioso mercado, que é o nome que damos para encobrir os especuladores. Ser discípulo de Jesus, significa agir como ele, fazer a sua vontade, ser responsável pelo seu Reino, fazer o bem sempre, o máximo bem possível.

 

Meditação:

§  Retome a cena, inserindo-se nela, e observe atentamente o que dizem e o que fazem Jesus, os fariseus e o homem doente

§  Você é capaz de perceber como algumas instituições defendem mais as leis e seus interesses que a dignidade das pessoas?

§  Você percebe que, colocando a pessoa no centro, Jesus desvela a esterilidade do tradicionalismo, do legalismo e do patriotismo?

§  Em que medida você ainda defende, ao menos na prática, a prioridade das leis e costumes sobre as necessidades das pessoas?

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