sábado, 14 de setembro de 2024

O Evangelho dominical (Pagola) - 15.09.2024

O QUE JESUS PODE NOS TRAZER?

«Quem dizeis que eu sou?» Não sei exatamente como responderão a esta pergunta de Jesus, os cristãos de hoje, mas talvez possamos intuir um pouco como pode ser para nós nestes momentos se conseguimos encontrar-nos com Ele com mais profundidade e verdade.

Jesus pode ajudar-nos, antes de mais nada, a nos conhecermos melhor. O seu evangelho faz-nos pensar e obriga-nos a colocar-nos as questões mais importantes e decisivas da vida. A sua maneira de sentir e de viver a existência, o seu modo de reagir ante o sofrimento humano, a sua confiança indestrutível num Deus amigo da vida é o melhor que a história humana deu.

Jesus pode-nos ensinar sobretudo um estilo novo de vida. Quem se aproxima dele não se sente tanto atraído por uma nova doutrina, mas convidado a viver de uma forma diferente, mais enraizada na verdade e com um horizonte mais digno e esperançoso.

Jesus pode-nos libertar também de formas pouco saudáveis de viver a religião: fanatismos cegos, desvios legalistas, medos egoístas. Pode, sobretudo, introduzir nas nossas vidas algo tão importante como a alegria de viver, o olhar compassivo para com as pessoas, a criatividade de quem vive amando.

Jesus pode-nos redimir das imagens doentias de Deus que vamos arrastando sem medir os efeitos nocivos que elas têm sobre nós. Pode-nos ensinar a experimentar Deus como presença próxima e amiga, fonte inesgotável de vida e de ternura. Deixar-nos guiar por Ele irá levar-nos a encontrar com um Deus diferente, maior e mais humano que todas as nossas teorias.

Isso sim. Para nos encontrarmos com Jesus num nível mais autêntico, devemos ousar sair da inércia e da imobilidade, recuperar a liberdade interior e estar dispostos a «nascer de novo», deixando para trás a observância rotineira e enfadonha de uma religião convencional.

Sei que Jesus pode ser o curador e libertador de muitas pessoas que vivem presas pela indiferença, distraídas pela vida moderna, paralisadas por uma religião vazia ou seduzidas pelo bem-estar material, mas sem caminho, sem verdade e sem vida.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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