segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Jesus não pede gestos de piedade

Jesus não pede gestos de piedade, mas abre novos horizontes de liberdade | 461 | 03.09.2024 | Lucas 4,31-37

Depois da estreia aparentemente malsucedida em Nazaré, Jesus deixa sua terra natal e volta a Cafarnaum, onde já havia atuado e causara forte impressão. Como pregador itinerante, ele prioriza o ensino aos sábados, nas sinagogas, que são lugares de encontro do povo que vivia nas aldeias e pequenas cidades. Na sinagoga ele crescera e aprendera, mas também testemunhara a hipocrisia dos líderes religiosos.

As sinagogas são o lugar da Palavra, um espaço controlado de modo quase absoluto pelos doutores da lei e pelos fariseus. E é ali, em dia de sábado, que Jesus realiza o primeiro sinal, ou milagre, narrado por Lucas. E é também ali, e por causa desse sinal, que Jesus começa a ser hostilizado pelos líderes religiosos, e onde ressoa pela primeira vez a pergunta: “Que palavra é essa? Quem é esse homem?”

O primeiro sinal miraculoso realizado por Jesus, que faz parte do seu ministério de emancipação e libertação das pessoas dominadas pelas forças que oprimem e escravizam, é a cura de uma pessoa dominada por um “espírito impuro”. Trata-se de uma pessoa despersonalizada, de alguém que perdeu sua identidade e é conduzida por poderes e forças misteriosas, exteriores a si mesma.

A cena narrada por Lucas deixa transparecer uma luta de mensagens ou uma disputa de espaços entre o Ungido pelo Espírito e os Doutores da Lei. No grito do homem doente o que ressoa é a percepção e a voz dos doutores da lei: “Viestes para nos destruir?” A reação do povo é a admiração diante de uma palavra eficaz e libertadora, de uma palavra que tem autoridade.

O Evangelho da misericórdia e da compaixão de Deus cala a voz dos defensores de uma lei que discrimina e condena. Jesus não vem insistir no cumprimento da lei e no pagamento das dívidas contraídas pelo pecado, mas anunciar e inaugurar um tempo de graça e compaixão. E é isso que incomoda a elite religiosa e impressiona e causa admiração e esperança no povo cansado e abatido.

Grande notícia e belo desafio para os discípulos missionários é este: experimentar, anunciar e testemunhar a boa e alentadora notícia. A resposta de fé suscitada pelo encontro com Jesus não se reduz ao culto e ao louvor, mas pede um engajamento cotidiano na tarefa de libertar os irmãos e irmãs e fazer este mundo melhor.

 

Meditação:

§  Retome pacientemente o episódio narrado por Lucas, acompanhando tudo com os olhos da imaginação

§  Sua compreensão sobre o Evangelho do Reino é essa de Jesus: uma boa notícia libertadora para todos os tipos de vítima?

§  Qual é o lugar e a força de transformação que o Evangelho, a Boa Notícia de Jesus, tem na sua vida?

§  O que o Evangelho de Jesus provoca em você: admiração e entusiasmo ou medo e inquietação?

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