A justiça reconhece a igualdade de todos!
811 | 20 de agosto de 2025 | Mateus 20,1-16
Quem quiser ser
discípulo de Jesus precisa ter sabedoria e decisão para encarnar o reino de
Deus em todas as suas relações. No horizonte da utopia de Jesus, justiça e a
bondade não estão no mérito e na aplicação da lei do “cada um recebe o que
merece”. A lógica do Reino de Deus inverte os valores, e estabelece a
prioridade dos últimos e desprezados sobre os ricos e privilegiados.
Na parábola de hoje, o personagem central é um
chefe de família patriarcal. A primeira cena trata da contratação de diaristas
para trabalhar no seu campo. Mas tudo está focado na segunda cena, ou seja, no
acerto de contas pelo trabalho realizado pelos trabalhadores contratados em
diferentes horas do dia. A todos o chefe da família prometera pagar o que seria
justo, e não um valor estabelecido.
As pessoas contratadas na primeira hora assistem ao
pagamento das que foram contratadas no fim do dia, que recebem, por poucas
horas de trabalho, um valor que permitia a subsistência diária, e isso alimenta
a expectativa de que receberiam bem mais, pois haviam feito por merecer. Mas o
contratante não se orienta pela meritocracia, e sim pela justiça e pela
bondade, e retribui a todas igualmente.
O grupo que se julga merecedor de uma retribuição
maior se irrita por ter sido igualado aos demais. De fato, o pai de família não
age conforme o costume, não reforça a competição e a distinção de classes. A
irritação brota da inconformidade por terem sido igualados aos mais necessitados.
Eles protestam contra a igualdade fundamental de todos os trabalhadores!
Com esta parábola, Jesus nos convoca a tomar uma
posição radical, como ele mesmo o fez: assumir um estilo de vida alternativo
também na economia, agindo na perspectiva do Reino de Deus, guiando-nos pela
necessidade das pessoas e pela gratuidade, ou pela economia do dom, como a
chama o Papa Francisco.
Será
que também nós, depois de dois mil anos de cristianismo, caímos na armadilha de
nos sentir melhores que os outros? Em que medida ainda tratamos as pessoas,
grupos, religiões e classes sociais a partir daquilo que achamos que ‘merecem”?
Será que ainda defendemos a velha moral econômica que recomenda dar a cada um o
que merece? Chegamos a perceber que a lógica de Deus é outra, é diferente?
Sugestões para a
meditação
§ Com esta
parábola, Jesus provoca fortemente as pessoas, tanto os judeus como seus
discípulos, a superar a lógica do mérito
§ Deixe ressoar
em você a afirmação clara e provocativa de Jesus mediante a parábola do
patriarca generoso e solidário
§ Peça a Jesus a
graça de se comprometer e se alegrar com os pequenos e grandes sinais de
emancipação dos pobres
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