O perdão é sempre ilimitado e incondicional
805 | 14 de agosto de 2025 | Mateus 18,21-19,1
Nos capítulos 16 a 18 do seu evangelho, Mateus nos
apresenta as orientações fundamentais de Jesus para que a comunidade de
discípulos e discípulas assuma um estilo de vida alternativo, inovador,
profético e crítico em relação aos estilos então predominantes. Nos textos de
ontem e de hoje Jesus aborda a questão do enfrentamento das tensões e ofensas
nas relações comunitárias.
Para ser fiel a Jesus, a comunidade cristã deve
praticar o perdão como uma ação contínua e reiterada. O pedido de desculpas e o
perdão não têm limites de tempo, nem restrições de pessoas ou de grupos. Sem
isso, a vida em comunidade é inviável, e a liderança e a autoridade podem decair
em opressão. O perdão concedido aos irmãos e irmãs é expressão viva do perdão
recebido do Pai e decorrente dele. Negar o perdão aos semelhantes significa
esvaziar o perdão concedido pelo Pai,
Jesus ilustra isso com uma parábola, focalizada em
quem deve perdoar. Jesus não costuma apresentar os reis como imagem de Deus, e
sim os pais de família. Mas a parábola de hoje sublinha que, como o rei dessa
história, Deus exige que seus filhos e filhas perdoem, porque foram antes perdoados.
O perdão do rei tem pouco a ver com o perdão recebido e praticado pelos
cristãos. Diferentemente do perdão do rei, o perdão de Deus não é condicionado
e revogável, mas definitivo e incondicional.
Os 10 mil talentos devidos ao rei por um dos seus
servos correspondem a um ano dos tributos cobrados de Israel pelo imperador
romano (uma fortuna que mal podemos imaginar!), enquanto que a dívida do
empregado inferior corresponde a apenas 100 dias de trabalho. A diferença é
descomunal. Isso ressalta a imensa diferença entre as dívidas, entre o perdão
que recebemos de Deus por Jesus e o perdão que devemos dar aos irmãos e irmãs
que incorreram em débitos conosco.
Note-se que o rei não aceita dar mais prazo ao devedor, como ele mesmo
pedira, mas perdoa a dívida de forma incondicional e plena. Nisso, ele
simboliza a compaixão ilimitada de Deus. Mas o outro empregado não dá prazo, nem
perdoa, e se mostra mais cruel que o próprio rei. Para Jesus, gentileza gera
gentileza, perdão gera capacidade de perdoar. Para o cristão, o perdão é norma
e obrigação, não uma opção!
Sugestões para a
meditação
§ Todos já vivemos a experiência de ofender uma pessoa próxima
e querida, ou de ser ofendido por outros
§ Mesmo que o perdão que recebemos dessas pessoas possa não
ter sido pleno e total, Deus não nos tratou assim
§ Recorde suas experiências de ser perdoado pelas pessoas
próximas, e, principalmente, por Deus
§ Você já se percebeu tentado a colocar condições e limites ao
perdão que os outros lhe pedem?
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